Leia mais no Diario de PE

Não podemos vê-los. Mas, na superfície de todos os objetos e mesmo na do nosso corpo, existem centenas de grupos de moléculas que se acumulam e ficam por dias, até meses. Esses rastros invisíveis têm diversas origens, como um produto químico derramado, a presença de bactérias ou fungos e células de pele humana. Conhecê-los pode ajudar, por exemplo, a identificar contaminações em um hospital ou os comportamentos do suspeito de um crime.

Com isso em mente, pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos, criaram um método para produzir mapas em 3D que indicam a presença de vários tipos de moléculas em um ambiente. A equipe desenvolveu três softwares que analisam amostras coletadas do local em questão e as inserem em mapas que mostram, com precisão de centímetros, onde cada grupo de substâncias foi encontrado.

“O protocolo serve para a criação de mapas moleculares de superfícies biológicas, como a pele humana e folhas de plantas, ou para superfícies construídas”, diz Theodore Alexandrov, que liderou os pesquisadores. “Ele escaneia a superfície, coleta amostras com cotonetes, detecta as moléculas em cada amostra e junta tudo com os softwares especiais”, resume.

O método requer conhecimento técnico e equipamentos de laboratório, como um espectrômetro de massa para identificar as moléculas. Até detalhes como o material dos cotonetes para a coleta de amostras importam: eles devem ser feitos de madeira e algodão para não influenciar os resultados.

De forma intuitiva, os dados aparecem em mapas 3D interativos, fáceis de serem visualizados por qualquer pessoa. “O método pode ajudar principalmente a biologia, fornecendo um atlas molecular da pele humana ou de plantas, e a ciência forense, dando novas ferramentas para identificar indivíduos ou para a toxicologia”, afirma Alexandrov. “Pode ajudar também a identificar poluentes e substâncias tóxicas em um local e, no geral, a chamar a atenção para os traços moleculares que cobrem os seres humanos, cobrem os nossos objetos e os nossos ambientes.”