Da Folha de PE

A cantora Anitta usou o Twitter para revelar que foi diagnosticada com endometriose, doença comum que afeta cerca de 176 milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. A funkeira carioca contou que, há nove anos, convive com fortes dores após o ato sexual e durante o período menstrual, e que, ao longo desse período, apenas ouviu dicas e conselhos de médicos sobre a importância da higiene rigorosa com a genitália.

“Eu não fui em um médico… Eu fui em vááááááários. Sempre ouvia: ‘É higiene’. Nove anos ouvindo isso. A Larissinha parece até um cristal esculpido de tanto cuidado, e o povo pergunta até se eu fiz plástica. Mas nada de a dor sumir”, desabafou Anitta, em resposta a uma seguidora no Twitter.

O diagnóstico só foi cravado após a médica Ludhmila Hajjar — responsável pelo tratamento do pai da artista, que se recupera de um AVC — ter solicitado que Anitta fizesse uma ressonância magnética. “A doutora (enviada pelo meu anjo da guarda só pode), fez na mesma hora uma ressonância em mim e estava lá: endometriose. No dia seguinte ela me levou em um especialista em endometriose. Fizemos os outros exames necessários pra ter certeza e aí está”, contou a artista.

Anitta conta que tem recebido o apoio do namorado, o produtor canadense Murda Beatz, para entender melhor a doença. Num tuíte em resposta a outra seguidora, a cantora contou que ele a “arrastou” para um médico depois que ela começou a sentir fortes dores durante o sexo. Ela reforçou que acha fundamental expor o assunto, para que haja mais informação disponível sobre endometriose.

“Sem falar os ‘homi’ bosta que acha que a mulher tá inventando a dor só pra não transar. Aí que a coitada fica sem saída mesmo se não conseguir se impor. O meu me arrastou pra consulta, pediu pro médico traduzir e quando cheguei em casa no dia seguinte ele sabia mais de endometriose que eu”, contou Anitta.

O que exatamente é endometriose?

Simplificando, a endometriose ocorre quando um tecido semelhante ao que cresce dentro do útero (o endométrio) cresce fora do útero.

Na maioria dos casos, esse crescimento acontece dentro e ao redor dos órgãos da cavidade pélvica, e o tecido na endometriose age da mesma forma que faria dentro do útero: ele cresce, engrossa e tenta se desprender a cada ciclo menstrual.

Na endometriose, o tecido não tem como sair do corpo e pode causar muita dor e levar a outras complicações, incluindo infertilidade.

Falar abertamente sobre um distúrbio que envolve diretamente a fertilidade e a saúde reprodutiva é algo que ainda atrai polêmica e representa um desafio. Essa falta de discussão e vergonha são as principais razões pelas quais essa condição muitas vezes não é diagnosticada, o que pode ser extremamente debilitante para a paciente.