Do G1

O julgamento do ex-presidente do sudanês Omar al-Bashir e de 27 de seus aliados no golpe de Estado de 1989 teve início nesta terça-feira (21), em Cartum.

Eles podem ser condenados à pena de morte pela queda do governo democraticamente eleito do primeiro-ministro Sadek Al Mahdi há 31 anos.

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Três juízes vão dirigir este julgamento, que é considerado sem precedentes no mundo árabe. Na história recente, o autor de um golpe de Estado bem-sucedido nunca foi processado.

Entre os outros réus estão o ex-vice-presidente Ali Osman Taha e o secretário-geral do Partido Popular do Congresso Islâmico (PCP), Ali al-Haj.

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Série de processos

Omar Al-Bashir, de 76 anos, foi deposto por militares em abril de 2019 após meses de protestos a favor da democracia no país. Em dezembro, ele foi condenado a dois anos de detenção por corrupção e posse de moeda estrangeira. Logo após sua saída do poder, foram encontrados em sua casa: 7 milhões de euros, mais de 350 mil dólares e 5,7 milhões de libras sudanesas (o equivalente a cerca de 110 mil euros).

O ex-presidente havia argumentado que o dinheiro fazia parte de um montante de 25 milhões de dólares enviados pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, para ajudar o país. Segundo Bashir, o resto da quantia foi gasto em assuntos de interesse público.

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Atualmente, o antigo ditador cumpre pena de dois anos em um centro de reabilitação para idosos, conforme determina a legislação local, onde pessoas com mais de 70 anos não podem ser detidas no sistema prisional.

Omar al-Bashir enfrenta uma série de ações legais. Ele é também alvo de dois mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) há mais de uma década, por ter sido indiciado, junto a outras três pessoas, por crimes contra a humanidade (homicídio, tortura, extermínio, estupro), crimes de guerra (ataque intencional a populações civis) e genocídio na região sudanesa de Darfur (Oeste).

Segundo a ONU, cerca de 300 mil pessoas morreram e 2,5 milhões foram forçadas a fugir de seus lares desde a década passada.

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O governo provisório que assumiu o poder logo após a sua queda anunciou em fevereiro que irá entregá-lo ao TPI, que o considera procurado. O TPI precisa que ele esteja fisicamente presente na Corte, em Haia (Holanda), para julgá-lo por esses crimes.