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Por Folha de Pernambuco

“O fato de não ter havido vítimas entre passageiros e tripulantes neste voo quase lotado da Japan Airlines é o resultado da atitude calma do capitão, da tripulação e dos passageiros”, resumiu ao Asahi Shimbun o ex-capitão da Japan Airlines Hiroyuki Kobayashi. Ele se referia ao desastre desta terça-feira, quando um Airbus A350-600, com 379 pessoas a bordo, colidiu com uma aeronave de pequeno porte da Guarda Costeira durante o pouso no aeroporto de Haneda, em Tóquio.

Cinco pessoas, todas a bordo do avião da Guarda, morreram, mas todos os passageiros e tripulantes da Japan Airlines (JAL) saíram em segurança, em uma operação rápida e que foi elogiada por autoridades e especialistas como uma “fuga perfeita”.

A tripulação, seguindo à risca o treinamento, conseguiu que todos deixassem o avião em menos de dois minutos, mesmo com apenas três saídas de emergência disponíveis.

“Um anúncio da cabine disse que as portas traseiras e do meio não poderiam ser abertas, então todos desembarcaram pela parte da frente” disse outro passageiro à NHK. O sucesso da operação contou ainda com a colaboração dos passageiros, que cumpriram a ordem de deixar para trás malas e bolsas, agilizando a saída de todos.

Os três escorregas infláveis que poderiam ser usados para evacuar os passageiros não foram implantados adequadamente por causa da forma como o jato pousou. De acordo com especialistas ouvidos pela BBC, o deslizamento seria muito íngreme, o que poderia ser perigoso. Além disso, o sistema de som da aeronave não funcionou como deveria durante o procedimento de evacuação, por isso a tripulação teve de instruir os passageiros com um megafone e aos gritos, disse a Japan Airlines.

Citado pela rede NHK, o Ministério de Terras, Infraestruturas, Transportes e Turismo apontou que houve uma falha na comunicação entre os controladores de terra e as aeronaves. O órgão afirma que a aeronave da Guarda Costeira, que seguiria para as regiões afetadas pelo terremoto de segunda-feira, havia recebido autorização para entrar na pista. Contudo, o voo 516 da Japan Airlines, proveniente da ilha de Sapporo, no Norte, também recebeu sinal verde para pousar na mesma pista, algo confirmado pela empresa em comunicado horas depois do acidente. Este será o ponto central das investigações: descobrir se alguém passou uma ordem errada, se os pilotos entenderam errado as orientações, ou se foi uma combinação desses dois fatores.

“De acordo com entrevistas com a equipe operacional, eles reiteraram e repetiram [que receberam] a permissão de pouso do controle de tráfego aéreo, e então continuaram com os procedimentos de aproximação e pouso”, diz o texto da Japan Airlines.

Minutos depois, as duas aeronaves se chocaram, produzindo uma enorme bola de fogo em um dos aeroportos mais movimentados da Ásia. Dentro da aeronave da Guarda Costeira, um De Havilland Canada DHC-8, cinco tripulantes morreram. No avião da Japan Airlines, iniciou-se uma corrida contra o tempo: afinal, parte do Airbus A350, entregue em 2021, estava pegando fogo, a fumaça dominava os corredores e era questão de tempo até que as chamas consumissem a aeronave.

“Estava ficando quente dentro do avião, e pensei, para ser honesta, que não sobreviveria” disse uma passageira à NHK.