selo-farolCom alguns poucos cruzeiros os serra-talhadenses de origem simples dos idos anos de 1950 se reuniam no salão do Cine Art, o primeiro cinema da cidade. Centenas de pessoas passavam todos os dias pela bilheteria de Eulina Martins Moraes e sequer imaginavam que estavam sendo marcados na memória da bilheteira. Ainda adolescente, Eulina começou a trabalhar aos 16 anos no Cine Art, na década de 1955, três anos após a inauguração do cinema. O FAROL DE NOTÍCIAS conversou com a bilheteira, que hoje tem 77 anos e relembrou com saudade a época.

“Eu trabalhei no Cine Art e ia muita gente, jovens, adultos e crianças. Naquele tempo era tão barato, uns dois cruzeiros eu acho e tinha entrada meia para estudantes. Frequentavam os ricos e os pobres, e os pobres iam mais porque não tinha outro divertimento. Tinha a semana todinha e no sábado e domingo quando era um filme bom tinham até três sessões, mas depois foi fracassando e fechávamos duas vezes por semana. Tinha o Cine Plaza também, eram cinemas amigos, não tinha briga”, relatou a bilheteira resgatando as memórias.

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O Cine Art ficava localizado onde hoje é um prédio de festas próximo à Concha Acústica, na região central de Serra Talhada. Porém sua primeira sede ocupava todo um quarteirão, compreendendo onde atualmente tem um conjunto de lojas próximo a prefeitura até a praça Sérgio Magalhães, com capacidade para 500 pessoas. Eulina Martins sempre foi a vizinha do lado da Matriz da Penha e acompanhou de perto o auge e a decadência do Cine Arte, Cine Plaza, Cist e o Grande Hotel que já foram os principais pontos de encontro dos jovens na cidade.

“Eu sempre morei aqui e sinto muita saudade daquela época, um filme que quando foi exibido dava muita gente e eu gostava bastante era ‘O Vento Levou’. Esses lugares eram todos pontos de encontro e não tinha perigo, a gente confiava nos outros, era uma tranquilidade. Agora era tão bom, pense num tempo bom, tinha o Cist e a gente não perdia uma festa. O cinema contribuía para animar a cidade. E eu vi tudo isso se acabando, tantas coisas boas foram fechando e hoje não tem mais aquela vida sem violência”, finalizou.

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