Do Folhape

Pelo segundo mês consecutivo, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) pernambucano apresentou alta. Em fevereiro, o percentual chegou a 79,3%, o que equivale a 409.271 famílias, com um aumento de 6.736 lares em um mês, ante 78,1% do mês de janeiro de 2021. Com relação ao mesmo mês de 2020, houve uma alta de 40.247 famílias. O resultado é o maior percentual de endividados para os meses de fevereiro desde 2010, quando a série da pesquisa foi iniciada.

“Já tinha uma expectativa de que o inicio de 2021 seria complicado, seria de restrição orçamentária, de queda na renda. A gente tem alguns acontecimentos que puxam esse endividamento para cima, como o fim do auxílio emergencial, que conseguiu injetar mais de R$16 bilhões aqui em Pernambuco e fez com que muita gente da extrema pobreza, vulneráveis e informais continuassem consumindo, devido a distribuição de renda de maneira direta. Temos o aumento de restrições com o pagamento de algumas despesas, como impostos, faturas mais altas, compra do material escolar. Temos também restrição na renda com o fim de contratos temporários e aumento do desemprego em relação a restruturação de equipe”, explica o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos.

Para as famílias em uma situação mais crítica, que não tem mais condições de pagar as suas dívidas, os números chegam a 12,2%, o que corresponde a 62.771 mil famílias inadimplentes no mês de fevereiro. Este grupo apresentou o segundo crescimento, com alta mensal de 1.601. Em comparação com o mesmo mês em 2020, o percentual de famílias inadimplentes mostrou alta de 9.023 lares.

O cartão de crédito ainda é apontado como o maior causador de dívidas, atingindo 94% da população, ante 93.9% registrado em janeiro. Em seguida o endividamento com carnês é apontado, com 20,1%, ante 17,2% do mês anterior, o que já reflete as dificuldades para acesso a crédito mais barato. A maioria das famílias endividadas (57,4%) informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda. O comprometimento médio em janeiro de 2021 atingiu 28,9%. “As dívidas comprometem quase 30% da renda, isso também traz complicações, o principal tipo de dívida ainda é apontando a maioria o cartão de crédito, mostrando a fragilidade da educação financeira da população pernambucana”, ressalta o economista.

Para o mês de março, a expectativa é de que o percentual de endividamento das famílias pernambucanas continue elevado. “É esperado que esse nível extremamente elevado de 79% se mantenha no próximo mês. É um percentual considerado preocupante, porque as famílias estão no limite em termos de restrição orçamentária. Para o mês de março, com a aprovação do auxílio emergencial, a gente espera pelo menos uma manutenção em termos de elevação da questão do endividamento, não esperamos que cresça o endividamento, mas que ainda continue um patamar considerado alto”, finaliza Rafael.