Ói nóis aqui traveiz! Cheguei na rapinha do segundo mês desta vida fácil e me encontro mais feliz que apresentador de circo. Somente agora começamos a conversar de fato e de direito, em virtude de alguns compromissos exitosos. Logo de primeira, agradeço de coração aos amigos e amigas que compareceram  a Câmara  de  Vereadores, no último 28 de janeiro, onde lancei o meu segundo livro “Eu, Chico Preá e Nossas Histórias”.

Foi por demais arretado. Também estive em São José do Egito, terra de poetas, onde fiz o lançamento na companhia de dois feras da poesia: Ivanildo Vilanova e João Paraibano. Ô dois cabra bons da bixiga-lixa! Vou estar em 18 de março  em Afogados da Ingazeira, logo após em Tabira e por último, em  Recife. Tô virado no bicho e com tesão de menino novo. Sou forçado a isto, pois tenho que pagar a duplicata. Pense numa fuleiragem! Mas, noves fora nada, tenho recebido muitas palavras de apoio e por isso justifico a minha alegria. Afinal, estamos neste mundo de meu Deus para gerar gentileza e esperança.
 

Entrando pela perna do pinto e saindo pela perna do pato, escrevo estas mal tecladas linhas às vésperas do Carnaval. Daqui a uma semana a merda vai virar boné e o Brasil vai viver de Carnaval. Depois vem a ressaca… Mas isto é outra história. Eu não sei que bicho é, porém, Serra Talhada não tem sorte para este troço. A programação, por exemplo, é de um mau gosto fora do comum. Falta identidade cultural, tem forró elétrico, pagode que só a moléstia e uma tal de TARRACHINHA ! Agora lascou ! Tarrachinha na terra do xaxado.

O baianês  vai tomar conta do asfalto e quem se arriscar a cantarolar Vassorinhas pode até levar um tapão. Desculpem a ignorância, mas que diabos é TARRACHINHA ? Tive um “pega prá capá” com um amigo e ele disse que a juventude gosta. Confesso que me senti um Matusalém de bengala e tudo. Mas Carnaval prá mim tem que ter FREVO e podem dar um nó nos meus ovinhos que grito, mas não danço Tarrachinha. Vou deixar isto para o prefeito Carlos Evandro que vai pagar esta porcaria!
 
No entanto, meninos e meninas, em se falando de Carlão da Prefeitura… o assunto na boca do povo é um só:  A LAPADA DO IPTU ! Êita negócio caro da gota serena. Passei os últimos dias conversando com pessoas sofridas e mal pagas que não estão em condições de fazer este sacrifício. Tem muita distorção em jogo e os aumentos variam de 60% a 100%. Será que voltamos aos tempos do Rei Herodes? Não vou dar uma de Pôncio Pilatos, lavando as mãos, mas tô já encarando uma reação a lá Barrabás. Vou partir pra ignorância.
 
 Noves fora nada, não é que o pipoco do IPTU chegou até o distrito de Água Branca? Pois bem, a notícia caiu como  uma bomba na terra do filósofo Chico Preá. Ninguém paga IPTU na zona rural, mas a turma foi solidária a minha dor. Amigo é pra essas coisas. Estive por lá há dez dias, era a festa de batizado e primeira comunhão de Manezin Patola. O ex- herege tem 42 anos e ainda não era batizado. Pois bem, o caso eu conto como o caso foi. Cheguei por voltas das 10h e já encontrei a turma pegando fogo. Patola  vestia um bermudão de linho branco, camisa de mangas compridas também brancas. Um sapato estilo “conga” branco, meias brancas e, ainda por cima, bonezinho branco, muito invocado.

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A sombra do bom e velho umbuzeiro mais parecia o céu. É verdade que não conheço o paraíso, mas acho que deva ter a alegria de Água Branca. Fui abraçado por todos. Exceto, pelo nosso filósofo Chico Preá. O homem estava com uma cara difícil de  entender. Como não gosto de meia conversa fui direto ao ponto e perguntei o que estava acontecendo. A resposta veio na bucha: “Tu é um traidor. Não convidou ninguém  pra tomar cachaça no lançamento do teu livro.” Argumentei que tudo foi muito em cima da hora e que no evento não rolou bebida alcoólica.
 
– Ômi, como é que tu lança um monte de papelzin sem tomar uma lapada de cana? Tu tá com fastio, esbravejou Barrufa, atiçando a ira de Beroaldo, Tonho Pé-de- Bomba e Chico de Mané de Lero. Manezin Patola só fazia o sinal da cruz e não parava de repetir a frase “vocês não têm consideração. Vocês querem que eu peque no dia do meu batizado? Vôte!”
 
Argumento vai, argumento vem, logo a poeira baixou e o Preá me tascou um abraço. A cachaça rolava solta, mas o novo cristão não parava de cantar: “Livrai nóis da peste  meu São Bastião”, tomando umas e outras. Isso foi até Chico Preá não aguentar mais,  dando um grito: Basta! Mude o disco seu jumento batizado”. E a galhofa foi total. Manezin Patola não perdeu tempo e foi de “eu mato, eu mato, quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato.” Nestas alturas, o São Sebastião já tinha ido para o beleléu. Aproveitei o momento de euforia e entrei no assunto do IPTU. Arriégua, quase que o pé do Umbuzeiro veio abaixo.
 
– Cumé a históra ômi, esse tal de PTU tá estambocando até com os pobizin do Mutirão, é?, esbravejou Chico Preá provocando um novo furdunço. Barrufa pegou logo uma ripa que tinha de lado e começou a bater num pé de favela: “Toma PTU, toma PTU, toma  miserávi.” Beroaldo chegou a lançar uma proposta de uma cota para pagar o meu carnê. Quase que se lasca! Ninguém aprovou. “Fique você sabendo que quem faz caridade é padre e mulé da vida. E ponto final”, rosnou Barrufa.
 
Fiquei na berlinda até Chico Preá pedir silêncio e fazer uso da palavra: “Amanhã nóis vamo até a prefeitura tomar satisfação com Carlão  do Impostão. Não se preocupe, Giovanni Sá, nóis resolve.” Como não sou de ficar calado, o meu já estava na reta e,por tabela, também já estava cantando o hino da sacristia com Patola, tasquei a informação que o prefeito tinha viajado em férias pela Europa. “Pronto”, pensei, “a merda virou boné.”

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O recém batizado Manezin Patola, de repente esqueceu da benção dos céus e lascou palavrão de todo tamanho. Tonho Pé- de- Bomba não parava de gritar querendo saber  “quem foi o infeliz que pariu o PTU.” E a cachaça comia no centro. Com cheiro de confusão. Mais uma vez Chico Preá, o filósofo de Água Branca, pediu silêncio e lançou uma nova proposta. “Já que Carlão deixou o abacaxi pro fio de João Duque (o vice prefeito ), nóis vamo botar pra moer. Vamo estambocar o elevador da prefeitura”, ameaçou o filósofo. “Quando Carlão chegar de viagem dessa cidade que fica perto de Calumbi, ele vai ter uma surpresa.” E alegria reinou como um novo horizonte. Eu já tava mais bêbado que todo mundo, fui logo rasgando meu carnê e aprovando a proposta. Só perdi a graça quando Tonho Pé- de- Bomba gritou: “Vamo comemorar dançando a Tarrachinha. Irrá!” Eu fui saindo de mansinho até cair logo na rede. Era muita emoção para um dia só.

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                                            O caso eu conto como o caso foi.
 

Um abração e  até a próxima.

P. S – Quem desejar  adquirir o livro Eu Chico Preá e Nossas Histórias, encontra-se à venda na Casa da Cultura de Serra Talhada e na Livro Fácil. Com autógrafo, só me procurando na sala de Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores. Com direito à cafezinho. Bom Carnaval para todos !