Durante conversas bilaterais nos últimos dias do governo do ex-presidente norte-americano Barack Obama, os EUA concordaram em 12 de janeiro em acabar com uma longa política de admissão de cubanos que pisassem em solo norte-americano, uma ação com objetivo de desencorajá-los de realizar uma perigosa viagem por alto mar.
A política “pé molhado, pé seco” foi um exemplo da recepção especial que o governo dos EUA estendeu a cubanos, à medida que buscava isolar o governo comunista da ilha, e sua revogação marcou o ponto mais alto da reaproximação de Obama com o ex-rival norte-americano na Guerra Fria.
Desde que o presidente Donald Trump assumiu o poder em 20 de janeiro com promessas de rever a interrupção de hostilidades, conversas bilaterais de alto nível foram paralisadas. Nesse meio tempo, grupos de contrabando têm tentado se reorganizar e se consolidar, disseram autoridades cubanas, buscando novas maneiras de levar cubanos e pessoas de outras nacionalidades para os EUA.
Embora agências da lei cubanas e norte-americanas mantenham comunicações diretas entre si, as conversas de alto nível são essenciais, segundo os cubanos.
“É de grande importância para ambos os países porque a segurança de ambos é colocada em risco”, disse o tenente-coronel Dalgys Lamorut. “A cooperação é importante para proteger os avanços que fizemos.”
Lamorut, representando o diretório da imigração, e outros dois tenentes-coronéis do Ministério do Interior, representando a polícia e a guarda costeira, falaram à Reuters na quarta-feira em rara abertura à mídia estrangeira, limitando seus comentários a tráfico de pessoas e fraudes imigratórias.
A entrevista aconteceu num momento em que o governo Trump se aproxima de conclusão sobre uma revisão política para determinar o quanto irá retroceder no engajamento feito por Obama com Cuba, de acordo com autoridades e ex-autoridades dos EUA e pessoas familiarizadas com as discussões. O anúncio de qualquer mudança política pode acontecer em junho, disseram. Trump, um republicano, tem sido crítico sobre a ação de seu antecessor democrata, sob o argumento de que não teria forçado Cuba o suficiente em questões de direitos humanos.
Em um encontro de autoridades seniores das maiores agências governamentais dos EUA em meados de maio, autoridades do Departamento de Justiça e serviço de imigração estavam entre as que expressaram apoio pela continuação do engajamento de aplicação da lei implementado sob a reaproximação de Obama, de acordo com pessoas a par das discussões. No entanto, assessores seniores de segurança nacional de Trump ainda precisam discutir o assunto em detalhes, disseram as fontes.
Do Reuters