pmdb-nacional2[1]O PMDB sacramenta hoje, em reunião do diretório nacional, o desembarque do governo federal. Ontem mesmo o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, entregou a carta de exoneração. A decisão será por aclamação, para mostrar uma coesão interna rumo ao pós-Dilma Rousseff e para esconder do Planalto o tamanho do PMDB que ainda pode ser pressionado na batalha para se evitar o impeachment. Principal beneficiário, o vice-presidente Michel Temer sequer aparecerá na reunião, para não dar argumentos aos adversários de que é um “conspirador contra a democracia”. Além de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que concordou com a decisão por aclamação no encontro de hoje, não comparecerá.
Os ministros que se sentirem constrangidos com o rompimento também estão liberados de comparecer ao encontro, mas terão até 12 de abril para deixar os respectivos cargos — é quando se completam 30 dias desde a convenção do partido. Diretores de estatais e de bancos públicos também seguirão o mesmo caminho. Apadrinhados do PMDB que estiverem no segundo e terceiros escalões estão autorizados a permanecer onde estão.
A proposta de abandonar a disputa no voto e partir para o consenso foi discutida com Temer em encontro entre o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e pelo vice-presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), na noite de domingo. Temer sugeriu a ambos que procurassem Renan, já que, além dos ministros, ele era a maior resistência até então. Os senadores fizeram isso na tarde de ontem. E só após o aval do parlamentar alagoano Temer se deslocou para a residência oficial do presidente do Senado para selar o acordo.
O primeiro ministro a abandonar o barco foi o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Em carta entregue ontem à presidente Dilma, Henrique agradeceu à petista pela confiança e “respeitosa relação” que tiveram por 11 meses, antes de explicar a razão da demissão. “Pensei muito antes de fazê-lo, considerando as motivações e desafios que me impulsionaram a assumir o ministério. Mas o momento nacional coloca agora o PMDB diante do desafio maior de escolher o seu caminho”, afirma Henrique na carta. O peemedebista diz que o diálogo “se exauriu”.
O posicionamento de alguns ministros ainda suscita dúvidas no PMDB. A principal incógnita é como se comportará a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Amiga pessoal da presidente, ela tem sido muito pressionada pelos ruralistas a deixar o governo. Há pouco menos de um mês pensou seriamente nessa possibilidade, especialmente após a sinalização de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiria um cargo no Executivo Federal.
Correio Brasiliense