Publicado às 05h44 desta terça-feira (20)

Um cirurgião-Dentista com habilitação em Odontologia Hospitalar buscou o Farol para mostrar a necessidade de um profissional na equipe multidisciplinar nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), algo já recomendado pela Anvisa desde 2010, principalmente para prestar assistência odontológica aos pacientes com Covid-19. Segundo ele, essa é uma carência na nossa região, pois não haveria esse profissional nem no setor público nem no privado, embora seja de grande necessidade.

“A presença de um Cirurgião-Dentista habilitado em odontologia hospitalar é de fundamental importância para a concretização da saúde integral dos pacientes hospitalizados. A resolução normativa RDC 7 da Anvisa de 2010 garante a assistência odontológica na UTI. O trabalho dos dentistas hospitalares é evitar infecções na boca das pessoas internadas porque elas podem aspirar bactérias presentes na saliva que pegando a cavidade bucal acaba afetando os pacientes na parte respiratória”, alerta Dr. Leandro Freire, continuando:

“Os cuidados dentários podem prevenir infecções e problemas cardio-vasculares. A boca é um fator de disseminação de infecções e complicações para todo o organismo muito mais que isoladamente para a boca. O problema bucal pode repercutir por exemplo na complicação do diabetes, pode levar a gestante ao parto prematuro e nascimento abaixo do peso, agravamento no risco de doenças cardiovasculares, sem contar nas infecções respiratórias.”

PACIENTES COVID

”Nos pacientes da UTI, tudo isso que foi citado anteriormente são fatores que por si só já justificariam a presença do Cirurgião-Dentista. E em tempos de pandemia, é que efetivamente deveríamos estar atuando já que se sabe que a maior carga viral da Covid-19 está presente na saliva. Outros problemas como gengivites, periodontites, dentes que podem ser focos de infecções e podem levar a óbito , lesões bucais causadas pelo próprio tubo orotraqueal também fazem parte do quadro clinico de muitos pacientes”, diz Leandro Freire e  acrescenta:

”Qualquer ser humano que necessita ir para uma UTI que fica lá entubado, muitas vezes em coma, sem ter quem faça uma higienização correta, ou com algum dente ou lesão na boca que está prejudicando e não tem um profissional habilitado que olhe é desumano. Já existe lei que obriga que esse profissional atenda lá dentro. Na região tem esse profissional, mas não há vaga. Outro exemplo clássico é pacientes que fazem uso de prótese. Se esse paciente der entrada na UTI e tem que entubar às pressas e não tem quem olhe a cavidade oral dele, essa mesma prótese pode ser deglutida por esse paciente. São exemplos simples que podemos dar, mas que podem gerar complicações bem graves”.