Acuado pelo recrudescimento da crise política que atingiu o Palácio do Planalto após a delação da Odebrecht, o presidente Michel Temer discute com aliados uma estratégia que tire seu governo das cordas.

Te­mer pretende combinar uma saída política, com a nomeação de um tucano para a Secretaria de Governo, e uma econômica, com o anúncio, ainda este ano, de novas medidas para destravar o mercado de crédito e tentar tirar a economia da recessão.

Diante do cenário reverso, Temer precisa costurar apoio e resolveu finalmente anunciar a nomeação de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para o posto de articulador político do Planalto. Ontem, o tucano participou da reunião convocada pelo presidente no Palácio do Jaburu. Após a reticência do presidente, que chegou a dizer que o tucano iria para o governo somente “no momento oportuno”, Temer deve se reunir hoje com Aécio Neves (MG) para bater o martelo.

Dessa forma, avaliam auxiliares, o peemedebista consegue amarrar de vez o partido aliado e fica menos dependente do chamado centrão, grupo de cerca de 200 deputados que reivindicava a Secretaria de Governo após a saída de Geddel Vieira Lima e chegou a ameaçar retaliação em votações importantes para Temer no Congresso.

O presidente estava em São Paulo e chegou a Brasília no início da tarde de ontem. A sua ordem é ter sangue frio e calma para enfrentar as acusações do ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Em sua delação premiada, assinada com a força-tarefa da Lava Jato, ele expôe a atuação de Temer e de Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, e Moreira Franco, secretário de Programa de Parceria e Investimentos (PPI), que também se reuniram com o presidente, na noite do último domingo (11).

Segundo Melo, “o atual presidente da República também utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso dos pagamentos que participei, operacionalizados via Eliseu Padilha”. O nome Michel Te­mer (ou só o sobrenome de­le) aparece 43 vezes no relato. Padilha, apelidado de “primo”, é mencionado 45 vezes e Moreira Franco, o “angorá”, 34. Ainda de acordo com o delator, o presidente pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht para a campanha eleitoral durante jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014.

FolhaPE