A imponência da Matriz de Nossa Senhora da Penha, no Centro de Serra Talhada, esconde a fragilidade das mãos que a construíram. Uma delas deve completar 86 anos em 2011. Seu dono, João Honorato de Lima, morador do bairro Manoel Pereira Lins, é o último pedreiro vivo que ajudou a elevar a igreja à altura de quase 40 metros. Desde 1939, ele vem construindo casas, hospitais e escolas na Capital do Xaxado. Hoje, João Honorato relembra com orgulho os traçados arquitetônicos que criou.

A fita métrica, a colher, o martelo e a marreta escolheram o seu artífice quando tinha 15 anos. Na flor da idade, o jovem Honorato conheceu a escola apenas de longe por causa dos constantes serviços nas obras. “Era serviço demais, um por cima do outro. Meu estímulo era para trabalhar”, contou, se auto-proclamando “analfabeto legítimo.” Mas o alheamento aos livros não foi barreira para que o pedreiro alcançasse o título de mestre no assunto. Em Serra Talhada, se alguém pergunta quem é o maior conhecedor dos segredos de uma boa construção a reposta é Honorato.

Troféu: João Honorato pendura na parede da sala o registro de sua participação na construção da Matriz

Ele chegou na cidade no ano de 1936, ainda quando era chamada Vila Bela. Migrou com toda família da cidade de Petrolândia, no Sertão de Itaparica. Seu pai era policial e havia sido transferido para Serra Talhada no intuito de encorpar as perseguições ao cangaceiro Lampião. João Honorato viu o ofício de pedreiro surgir de repente, quando recebeu convite de colegas para ajudar na reconstrução da igreja de Nossa Senhora da Penha, que havia sido demolida em 1925.

Desde esse tempo até a chegada do jovem Honorato à cidade, a obra vinha se arrastando por falta de verbas. Seu João participou do atual projeto arquitetônico desde o alicerce. “Quando eu cheguei as paredes da antiga paróquia estavam condenadas, pois eram construídas com tijolo sentado no barro. Então, derrubamos e começamos de baixo.”