Dia da Ressaca: 4 coisas que você faz errado e não sabia – Foto: Shutterstock

Por Saúde em Dia

Hoje o Brasil todo comemora o Dia da Ressaca (28/02) – desconforto que, aliás, não motiva muitas comemorações. Ainda assim, os brasileiros escolheram o último (ou penúltimo, no caso de 2024) dia do mês que geralmente ocorre o Carnaval para lembrar os efeitos que o abuso de álcool gera no corpo.

A data também é uma oportunidade para esclarecer alguns mitos e desinformações sobre qual conduta seguir quando a ressaca bate. E, acredite: você provavelmente já caiu em algum desses mitos.

“De nada adianta: banho frio, café, chás, produtos com cheiro forte ou qualquer outra medicação caseira. O essencial é hidratação, carboidratos e bastante repouso. Habitualmente, a ressaca melhora até o final do dia”, revela a endocrinologista e metabologista pela Universidade de São Paulo (USP), Dra. Paula Pires.

1) Beber álcool com estômago vazio

Paula recomenda nunca beber com estômago vazio, pois o álcool cai na corrente sanguínea em 30 minutos. “Antes de sair de casa, faça uma boa e saudável refeição para não chegar com muita fome”, aconselha a médica.

A nutricionista Marina Gomes, do Instituto Nutrindo Ideais, indica fazer uma refeição equilibrada com carboidratos e proteínas. Dessa forma, você torna a absorção do álcool mais lenta pelo intestino, permitindo ao fígado mais tempo para metabolizar a substância.

Além disso, uma alternativa é beliscar durante a festa enquanto bebe, pois ajuda a retardar a absorção. “Para ter energia, prefira comida leve: salada, proteína, leguminosa e carboidrato (batata doce ou inglesa, macarrão, mandioca e arroz) para aguentar a festa toda”, diz Paula.

2) Esquecer de beber água

Esse é um cuidado crucial, mas muitas vezes negligenciado. Para evitar a ressaca, a recomendação é beber muita água antes, durante e depois da bebedeira.

“Durante a bebedeira, é importante intercalar o consumo de bebida alcoólica com água, água de coco ou até mesmo isotônicos. Ou seja, sempre que possível (ou sempre que precisar usar o banheiro), lembre-se de beber algo não alcoólico”, destaca Paula.

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Isso porque, além da água, sucos, água-de-coco e isotônicos (sem álcool) repõem água, sais minerais e vitaminas perdidos com o consumo de álcool. Beber refrigerante também pode ajudar pois, mesmo sem hidratar o corpo, a bebida ajuda contra a queda da glicose.

Vale destacar ainda que a ingestão de água e suco durante todo o dia diminui o tempo da recuperação da ressaca. Por isso, a hidratação é fundamental para combater o desconforto.

3) Tomar remédios para prevenir e/ou curar ressaca

Outro erro bastante comum é se automedicar para prevenir a ressaca ou então combater seus sintomas no dia seguinte. No entanto, o alívio dos sintomas é basicamente tudo o que os remédios podem fazer, sem curar efetivamente os problemas causados pelo abuso de álcool.

A metabologista e endocrinologista destaca que tomar medicamentos anti-ressaca tem pouco fundamento científico. “São drogas que misturam substâncias contra náuseas, analgésicos e cafeína, tentando amenizar alguns dos sintomas. Seu efeito não perdura muito e alguns contêm antiinflamatórios ou aspirina, que irritam o estômago”, diz a profissional.

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Além disso, e o mais importante, é que a maioria não age sobre a desidratação, sobre a hipoglicemia, nem sobre a irritação que o acetaldeído provoca nas células.

A endocrinologista destaca ainda que há um problema maior em recorrer a essas medicações: além de não funcionar bem como prevenção, pode estimular o indivíduo a beber mais, por sentir-se protegido contra os efeitos do consumo exagerado.

Portanto, vale reforçar que a melhor forma de lidar com a ressaca é apostar em muita hidratação, no consumo de carboidratos e em bastante repouso.

4) Comer mal no dia seguinte

Falando em carboidratos, a alimentação é um fator preponderante no combate à ressaca. Além de ser importante comer bem antes de ingerir álcool – e também durante a bebedeira – é preciso tomar alguns cuidados no dia seguinte.

Nesse sentido, a médica recomenda o consumo de alimentos leves, frutas e verduras. “Prefira sopas e caldos, evitando alimentos gordurosos”, destaca Paula.

A nutricionista Laís Murta, mestra em Ciências da Saúde pela Faculdade Sírio-Libanês, sugere o consumo de carboidratos complexos, como grãos integrais (linhaça, chia e amaranto) e sucos e frutas desintoxicantes como abacaxi, hortelã e gengibre.

Assim, é possível ajudar na desintoxicação do corpo e principalmente, na eliminação das toxinas por diurese — substâncias que causam o inchaço.

Por que sentimos ressaca?

A ressaca ocorre porque, para absorver e metabolizar grande quantidade de bebida alcoólica, o organismo tem de se desdobrar e acaba sobrecarregando outros órgãos no processo.

“O fígado sofre mais por produzir as enzimas que ajudam na absorção do álcool. Além disso, demora a entender que deve parar de trabalhar. Assim, quando o álcool já se foi, a concentração dessas enzimas, que são muito tóxicas, ainda é alta, o que gera um desequilíbrio”, explica a Dra. Paula.

Segundo a médica, o sistema nervoso, que se adequou a esse ritmo errado do corpo, acompanha a crise de abstinência. “O resultado geral é dor de cabeça, desidratação, enjoo, diarreia e extremo cansaço”, detalha a especialista.