Do G1

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, chamou o policial militar e vendedor de vacinas Luiz Dominghetti de “picareta”. Dias, em seu depoimento à CPI da Covid, disse ainda que nunca pediu propina.

Dias deixou o cargo na semana passada, em meio à acusação de Dominghetti – que se apresenta como representante da Davati Medical Supply – de que em fevereiro, durante um jantar em Brasília, teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca, em uma negociação que envolveria 400 milhões de doses.

“Acerca da alegação do senhor Dominghetti, nunca houve nenhum pedido meu a este senhor. O mesmo já reconheceu à CPI que nunca antes daquela data havia estado comigo […] O senhor Dominghetti, que aqui nessa CPI foi constatado ser um picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde e durante sua audiência deu mais uma prova de sua desonestidade”, afirmou Dias.

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Dias também refutou a denúncia do servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, que disse que sofreu do ex-diretor uma pressão atípica para aceleração da importação da vacina indiana Covaxin.

“Fui injustamente acusado de pressionar um funcionário e, como prova, foi demonstrada uma mensagem encaminhada às 20h de um sábado onde eu perguntava: como esta a LI da vacina? Essa é a única frase que me atribuem como prova de pressão. A mensagem nada se referia à Covaxin, até porque em um sábado à noite nada teria mudado. O teor da mensagem se referia à LI da Astrazeneca que chegaria no domingo”, continuou Dias.

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Reunião em restaurante

Na versão de Dominghetti, Dias pediu a propina durante um encontro em um restaurante em Brasília.

Dias, por sua vez, contou que estava no restaurante com um amigo e Dominghetti apareceu, levado pelo coronel Blanco, assessor de Logística do ministério. Dias disse que não tinha nada marcado com Dominghetti e Blanco. Segundo ele, o encontro foi “incidental”. Na época, Blanco não trabalhava mais na Saúde.

“No dia 25 de fevereiro, fui tomar um chopp com um amigo no restaurante Vasto em dado momento se dirigiu à mesa o coronel Blanco acompanhado de uma pessoa que se apresentou como Dominghetti. Feitas as apresentações, o senhor Dominghetti disse representar uma empresa que possuía 400 milhões de doses de vacina da fabricante AstraZeneca”, contou o ex-diretor.

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Dias relatou à CPI que pediu para que Dominghetti enviasse ao Ministério da Saúde documentos provando que tinha oferta de vacina.

“Então, pedi que encaminhasse um pedido formal de agenda ao ministério que, em agenda oficial, se sua documentação fosse consistente, um processo seria aberto e encaminhado para a secretaria- executiva para providências. Uma vez que a ela cabia todas as negociações de vacinas contra a Covid-19”, continuou.

Por fim, Dias informou que a documentação de Dominghetti não era consistente e, por isso, o negócio não foi feito.

“Chegando ao ministério, o senhor Dominghetti foi atendido por mim na presença de outra servidora, os documentos se mostraram mais do mesmo, não havia carta de representação do fabricante”, concluiu.