Dilma-e-Aécio 2Do UOL

Corrupção, nomeação de parentes, mentira, desrespeito, desinformação, falta de transparência, suspeitas, investigações… Sem trégua em nenhum dos blocos,Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) centraram fogo no adversário usando esses temas como armas em suas perguntas e respostas no debate promovido por UOL, SBT e Jovem Pan nesta quinta-feira (16). O tiroteio deixou em segundo plano a discussão sobre temas de programas do governo das candidaturas do PT e do PSDB à Presidência da República.

No primeiro bloco, as denúncias de corrupção e de nepotismo nas gestões dos presidenciáveis deram a tônica. Aécio questionou Dilma sobre a nova denúncia divulgada sobre a Petrobras — o TCU (Tribunal de Contas da União) vai apurar supostas fraudes em obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), que incluem construções que estavam sendo geridas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.

Aécio acusou Dilma de “gostar de falar de parentes”, recordando o que classificou de “episódio triste”: o momento em que Fernando Collor, na campanha eleitoral de 1989, explorou questões pessoais do então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.

No segundo bloco, as denúncias sobre a Petrobras voltaram à tona. Desta vez, Dilma questionou Aécio sobre reportagem que afirma que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra(morto neste ano) teria recebido propina de Costa para esvaziar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Aécio disse que as denúncias devem ser investigadas independentemente do partido. “Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, há algo positivo aqui. A senhora dá credibilidade às denúncias do senhor Paulo Roberto.”

Entre os poucos momentos em que se propuseram a falar de programa de governo, os candidatos discutiram sobre temas econômicos e sobre segurança pública. Aécio citou o elevado número de homicídios no Brasil. Na resposta, a presidente afirmou que as gestões petistas do governo federal foram as únicas que implantaram uma política de combate à violência. Sobre economia, Aécio disse que o governo Dilma “foi leniente” com a inflação. A presidente contra-atacou afirmando que o método dos tucanos é “desempregar, arrochar o salário e não investir”.

No terceiro e último bloco, Dilma perguntou a opinião de Aécio sobre a Lei Seca— o tucano já foi parado em uma blitz no Rio de Janeiro em 2011 e teve a carteira de habilitação apreendida por estar vencida. Na ocasião, ele, que já era senador por Minas Gerais, se negou a fazer o teste do bafômetro. “Parei numa lei seca e não fiz o exame. Me desculpei e me arrependi disso”, respondeu o candidato, irritado. Ele chamou Dilma de “mentirosa” e pediu temas “sérios”. ‘Vamos falar de como melhorar a saúde e a segurança. A senhora ofende todos os brasileiros.”

Dilma disse que acha a lei importante porque “no Brasil, todos os dias, tem gente morrendo por acidente de trânsito, por motoristas que estão embriagados. Depende dele a vida ou a morte dos nossos jovens”, disse ela. “O senhor passou por uma experiência. Ninguém pode dirigir sob efeito de álcool e drogas. A Lei Seca trouxe um bem para o país”, completou ela.

“Mentira”

Os presidenciáveis acusaram várias vezes o adversário de mentir. Questionado sobre a Lei Seca, Aécio disse, na tréplica, que Dilma mente. “Mentir e insinuar ofensas como essa não é digno de qualquer cidadão, mas é indigno por uma presidente da República. Candidata, a sua campanha é a campanha da mentira.”

Em vários momentos do debate, Aécio acusou Dilma de promover uma campanha “de baixo nível” e de “espalhar mentiras nas redes sociais”. O tucano chegou até mesmo a fazer uma pergunta sobre o tema. “Eu vou novamente na questão da verdade e da mentira. Nós somos, candidata, candidatos da Presidência da República. É preciso que haja um limite”, disse. “A senhora prefere a campanha da mentira, e é essa questão que eu lhe faço agora.”

“Candidato, acho aqui, quem mente é o senhor”, replicou Dilma.

Quando Aécio fez uma questão sobre corrupção, Dilma voltou a dizer que o opositor mente. “O senhor disse que se te atacar está atacando Minas, esta é uma mentira, candidato. Porque Minas Gerais não é o senhor.” Nos vários momentos em que Dilma criticou a administração de Aécio no governo de Minas Gerais, o tucano a acusou de “desrespeitar Minas Gerais”. “Pare de ofender Minas Gerais, candidata”, chegou a dizer. Mineira, Dilma afirmou que nasceu “em Minas bem antes que o senhor”. “Saí de Minas não foi para passear no Rio de Janeiro: é porque fui perseguida”, disse, complementando que nem o Estado nem os mineiros se confundem com Aécio.

DILMA PASSA MAL

A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) se sentiu mal durante entrevista que concedia após o debate promovido pelo UOL, SBT e Jovem Pan. Ela falava sobre seu desempenho no encontro quando disse à repórter que tinha tido uma oscilação na sua pressão arterial. A petista então voltou para sua cadeira.

Na volta, a presidente pediu desculpas ao telespectador. “Tive uma queda de pressão. Um debate exige muito da gente”, disse a presidente. Segundo seus assessores, Dilma teve uma crise glicêmica. Ela não teria se alimentado antes do debate. Ainda segundo seus assessores, Dilma comeu uma barra de chocolate e tomou suco de laranja após o episódio e já está bem.