Do Diario de Pernambuco

Foto: Luis Robayo/AFP

Organizações de direitos humanos denunciaram nesta quarta-feira (30) “graves violações” como tortura e centenas de desaparecimentos entre os manifestantes que há mais de dois meses protestam contra o governo colombiano, e pedem à ONU que condene a “repressão brutal” da força pública.

De “28 de abril a 28 de junho, foram registrados 83 homicídios”, 327 pessoas desaparecidas e milhares de “prisões arbitrárias”, informou a rede de organizações colombianas e internacionais, que pediu ao orgão internacional para condenar a “brutal repressão” da força pública.

As denúncias fazem parte de um relatório que será entregue à ONU em Genebra, onde o Conselho de Direitos Humanos se reunirá entre 21 de junho e 13 de julho.

De acordo com o texto, 27 dos mortos foram “vítimas” do esquadrão de choque. Outras mortes foram causadas por “civis armados não identificados, que muitas vezes agem com a cumplicidade de agentes das forças armadas do Estado”.

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O governo garante que grupos dedicados ao narcotráfico e ao Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha reconhecida no país, se camuflam entre os manifestantes para gerar o caos. Dois uniformizados morreram durante as manifestações e outros dois foram baleados, segundo a polícia e o Ministério da Defesa.

Desde o último dia 28 de abril, pessoas insatisfeitas com o governo do conservador Iván Duque saíram às ruas para participar de protestos em sua maioria pacíficos que, ao cair da noite, geraram confrontos com a polícia nas principais cidades.

Mais de 60 pessoas morreram durante a crise, segundo autoridades civis. Os Estados Unidos Os Estados Unidos e a União Europeia condenaram os abusos da força pública em meio aos confrontos.

A embaixadora do governo na ONU, Alicia Arango, questiona esses números e afirma que 24 pessoas morreram em decorrência da crise.

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Sem rastro

“Um fato particularmente preocupante é a prática do desaparecimento forçado. Até o momento, 327 pessoas continuam desaparecidas”, acrescenta a denúncia.

Além disso, cerca de “3.200 manifestantes foram detidos arbitrariamente sem garantias de seu direito ao devido processo, o que os expôs à tortura e a tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”.

Os abusos incluem “espancamentos, socos com objetos contundentes, choques elétricos, ameaças de desaparecimento forçado, nudez forçada e violência sexual e de gênero, incluindo estupro” e têm sido realizados “especialmente” contra grupos indígenas, membros da comunidade LGTBIQ+, defensores de direitos humanos, funcionários médicos e jornalistas, acrescentou o relatório.

Embora a frente mais visível das mobilizações tenha suspendido as chamadas até o dia 20 de julho, muitos manifestantes continuam tomando as ruas.

O Conselho Presidencial de Direitos Humanos está conduzindo 127 investigações “por supostas infrações disciplinares” pela polícia.

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Na terça-feira, três policiais foram suspensos de seus cargos por agredir dois jornalistas e um jovem em um protesto em Bogotá.

A Comissão de Juristas Colombiana (CCJ), signatária do documento, acusou “crueldade” e “uso sistemático de armas de fogo” por parte da polícia, em entrevista coletiva virtual concedida por sua vice-diretora, Ana María Rodríguez, e outros membros da rede.

A ONG Human Rights Watch, por sua vez, acusa a força pública de estar envolvida em pelo menos 20 homicídios e garante que 16 das vítimas foram baleadas por agentes com a intenção de “matar”.