saudade1[1]Fui criança de calças curtas e pés descalços correndo por diversas ruas de Serra Talhada. Nasci na Rua do Cine Plaza, a Agostinho Nunes Magalhães, de onde guardo grandes lembranças em meu baú de memórias. A padaria de Jamildo, a farmácia de Tadeu Belfort, comerciantes como João Arlindo e Dona Deja, Dona Zazinha, dona Clotilde batendo grãos de café no pilão, as sirenes do Cine Plaza, a sorveteria do Givaldo, mas nada se compara às cadeiras nas calçadas.

A Rua do Cine Plaza ficava repleta de cadeiras após às 19 horas, onde vizinhos conversavam e faziam planos, alguns homens mais despojados, para fugir do calor; deitavam na calçada de peito aberto. A gente corria na brincadeira do ‘catuca’ ao som de gargalhadas de homens, mulheres e crianças.

Tempos depois, meu pai saiu do aluguel e conquistou a sua primeira casa própria. A rua era a Bernadino Coelho Magalhães, próximo ao ginásio poliesportivo. Grandes anos da minha vida! Como esquecer de ‘seu’ Badú, Raul Pereira, Luiz Barbeiro, João Bordado, e tantos e tantos amigos que dividiram comigo alegrias e dores. Mais uma vez, as cadeiras nas calçadas ficaram na minha memória. Além disso, o novenários do mês mariano, carnaval no Repeteco de Jarinho, jogos com a bola Canarinho em chão batido, bola de meia, de gude, garrafão, Rua da Favela, ‘seu’ Zé Grande.. quantas saudades!

Hoje, em pleno século 21, uma das característica de Serra Talhada são os muros altos, grades em portas e janelas, cercas elétricas e pouca gente nas calçadas. Estamos acuados com o avanço da criminalidade. Neste momento, o que me resta é mexer em meu baú de memórias. Um bom domingo a todos.