Editorial: A Rocinha está aqui! E Robin Wood também!Companheiros faroleiros. Saúde e Paz!  Neste último final de semana percorri alguns bairros de Serra Talhada e, em particular, as comunidades da Cagep, COHAB e Borborema. Tenho amigos nestes locais, fui visitá-los e confesso que voltei  para casa por demais preocupado. 

Preocupado com o avanço do tráfico de drogas que começa a criar em Serra Talhada a figura “paterna” do traficante-xerife. Àquele que, para manter o seu território intacto e livre de suspeitas, atua como “bom moço”, o Robin Wood, paladino da ‘moral’ e ‘bons costumes’, do tráfico. 

O relato que faço a seguir, aconteceu em um destes três bairros. Omito de propósito o nome, para não colocar em risco a minha fonte. Um homem foi pego furtando uma residência da periferia e logo foi levado para o ‘traficante-xerife,’ para as providências cabíveis. De pronto, o dito-cujo convocou os moradores da rua para assistirem a cena de tortura em plena luz do dia. O “ladrãozinho”, como foi apelidado, levou uma surra de cinturão para não voltar a furtar na comunidade. Ele foi aplaudido e aproveitou para promover uma rodada de bebida para todos.

Cenas como essas começam a se tonar comum na periferia serratalhadense e passa a contar com a simpatia dos mais humildes. O tráfico começa a agir com o mesmo tal qual os ‘colegas’ da Rocinha, como organizações para-militares, no Rio de  Janeiro. Mais uma vez, a ausência do poder público abre brecha para os anti-heróis. Na periferia, são vistos como “gente boa”, os promotores da paz. Da paz armada. Estamos assistindo passivamente, o destino de uma geração que não consegue caminhar com autonomia. Pena, que tenha que ter o salvo-conduto do traficante-xerife.