A sociedade local precisa tirar lições do episódio de ocupação de um prédio de luxo em Serra Talhada, que teve como protagonistas moradores do bairro do Mutirão, que detém o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. Eu visitei o local e acompanhei a chegada de mulheres, homens e crianças no prédio até o momento da desocupação.
Chamou atenção a euforia e esperança deles com o protesto. Com o ato, eles acreditavam que tudo fosse se resolver, com homens e mulheres voltando a colocar comida na mesa de suas casas sem o receio de dívidas por conta de salários atrasados. Era visível a esperança nos olhos de cada um, que exerciam naquele momento, uma atitude cidadã de exigir direitos fundamentais: moradia digna, saneamento, lazer, etc. Entretanto, me espantou a rapidez como tudo foi consumado. A agilidade da construtora, que usou a polícia para expulsar pessoas que estão sendo lesadas pelo próprio Estado.
No meio da tarde recebi um telefonema desesperado da presidente da associação dos moradores, Regina Gualberto, informando sobre a chegada da PM e me solicitando ajuda para conseguir um advogado para intermediar o conflito. Tentei meus contatos, em vão. Tristes e inconformados, um a um foi se retirando do “éden” desejado rumo ao purgatório interminável das obras inacabadas e das promessas indecorosas.
Lamentei profundamente todo o episódio e passei a questionar o estado de “orfãos do poder” dos moradores do Mutirão. Por tabela, fica o diganóstico triste, vergonhoso, do silêncio pecaminoso dos nossos deputados estaduais: Augusto César (PTB), Sebastião Oliveira (PR) e Manoel Santos (PT). Nenhum deles teve a capacidade de levantar a voz em defesa dos moradores do Mutirão.
Com exceção do petista, Augusto e Sebastião só abriram a boca na hora de prometer buscando dividendos políticos-eleitorais. Não posso fazer uma outra leitura, se estes deputados, que tiveram votos no bairro Mutirão, fazem parte de uma base subserviente ao governador Eduardo Campos, que preferem virar às costas ao povo, do que questionar os erros do governo.
Sequer o assunto foi levado ao plenário da Assembléia Legislativa. As obras do Mutirão se arrastam há dois anos. Hoje, é um completo fiasco. O ventríloquo do governador, senhor Nilton Mota, presidente da Companhia de Habitação de Pernambuco (CEHAB), esteve em Serra Talhada para anunciar que tudo seria resolvido. Balela… É lamentável e, repito, pecaminoso, o silêncio destes homens públicos que na hora de buscar votos abrem sorrisos e abraços.
Mas na hora de defender a comunidade e se contrapor ao governo viram às costas ao povo e se escondem fazendo de conta de que nada daquilo é com eles. E tenho dito!
7 comentários em EDITORIAL: A vergonha e o silêncio dos nossos deputados sobre o Mutirão