Educador debate segurança nas escolas de ST

Fotos Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 06h05 desta quarta-feira (19) 

Na sexta-feira (14), o programa Falando Francamente da TV Farol contou com a participação do professor Eduardo Bruno, gestor da escola Literato, em Serra Talhada. Durante a entrevista, ele deu detalhes sobre as medidas de segurança adotadas na escola,  alertou os pais sobre algumas atitudes que devem ser tomadas e tranquilizou familiares em relação às ameaças que têm sido divulgadas nas redes socias de atentados aos ambientes escolares. Confira abaixo alguns detalhes da entrevista: 

O que os pais esperam da escola

Educador debate segurança nas escolas de ST

 

Eduardo Bruno – Esse é um tema que mexe muito com o imaginário de todos nós. Como a escola sempre foi um sinal de proteção, então, quando você encaminha o seu filho para uma escola, você entende que a escola estará apta a fazer a proteção em todas as esferas.

 

Medidas adotadas na escola Literato para garantir a segurança dos alunos

Eduardo Bruno – Começamos a enviar mensagens aos pais. Temos feito debates e conversas, andado em salas de aula e conversando. Com crianças menores, a gente não aborda a temática, a gente cria uma ponte para que eles se abram conosco, você abre um espaço para que ela se abra. Eu tenho feito isso, os coordenadores pedagógicos têm feito isso, a nossa neuropsicopedagoga tem feito isso. 

Hoje, nós começamos a desenvolver um trabalho chamado ‘Cultura de Paz nas Escolas’. Esse trabalho tem sido feito no Ensino Médio. Eu saí de lá e o nosso Ensino Médio ficou produzindo cartazes, mensagens positivas que estarão nos banheiros, nas salas de aula, nos corredores da escola, na recepção, em todas as chegadas; porque nós precisamos criar essa cultura de paz. 

Já temos mais de 30 câmeras monitorando a escola, que já era da nossa cultura. Na próxima semana, estaremos com uma certa quantidade de monitores para deixarmos espalhados em ambientes de grande circulação dentro da escola. Todos os nossos funcionários da escola têm um crachá para que a gente possa identificar o nosso colaborador. Estamos fazendo a revista de pessoas de fora, não de alunos, porque eu não posso quebrar a confiança que o aluno tem na escola e a escola tem no aluno.

Alerta aos pais; atitudes a serem tomadas

Educador debate segurança nas escolas de STEduardo Bruno – Eu mandei uma cartinha no grupo dos pais, imprimi e mandei a cada aluno da escola, falando para que os pais pudessem olhar o que os filhos estão jogando. Eu vejo crianças de 10, 12 anos de idade jogando jogos de morte e tiro. Eu vejo crianças de dez anos de idade tendo livre acesso ao Instagram, com contas fake, inclusive. Tendo contato com adultos, muitas das vezes consumindo pornografia, e a gente que é escola precisa fazer um trabalho de intervenção, chamando o pai, a família. 

Há dois anos atrás, eu recolhi, na coordenação do Fundamental I, um livro de uma criança que era de um mangá, de um anime que dizia que o nome da pessoa que você colocava no livro, ela morria, a morte vinha buscar. Tinha uma criança fazendo essa brincadeira com os colegas e gerando pavor; mas a grande questão é, eu enquanto pai, enquanto família, estou fazendo esse papel de sentar com o meu filho, com a minha filha, de perguntar o porquê dele estar tão isolado dentro do quarto, de olhar o que ele está consumindo na rede social?

Eu quero lembrar que talvez o jeito duro do seu pai lhe criar, de você que está me ouvindo, do meus pais, não me dando tanta liberdade, foi o que me forjou, lhe forjou e forjou os homens e mulheres que nós somos. A gente precisa entender que o celular não pode. Celular, smartphone, foi criado para ser um meio de comunicação e ele se tornou uma ‘brinquedoteca’ de criança. A gente precisa tomar cuidado com isso, porque a internet ainda é uma terra sem lei.

O que não garante segurança

Eduardo Bruno – É um tema que nós ainda vamos debater e discutir muito porque está revelando e mexendo com o nosso consciente e inconsciente sobre  muitas questões; porém, nós precisamos lembrar que a escola é um espaço pedagógico de construção de conhecimento e de vida social, e eu preciso tomar muito cuidado para não gerar uma falsa sensação de segurança e criar na verdade um espaço que, muitas vezes, vá passar muito mais uma imagem de presídio do que de um espaço educacional. 

Preciso também me aprofundar onde está a fonte desse problema. Os Estados Unidos, não só hoje, mas, convive,  há muito tempo, com ataques às escolas, e a gente precisa de alguns questionamentos, livre acesso à arma, por exemplo, o pai diz: ‘Meu filho não se sente seguro porque ele não tem uma faca para poder levar para a escola’. 99% dos ataques ou atentados às escolas no mundo partem ou de alunos que estão dentro da própria escola ou de ex-alunos que visitam a escola; então, quem garante que o filho de alguém que vai levar uma faca sobre a atenção de proteção, não poderá ser o que depois provocará um atentado?

Qual é a profundidade do problema

Eduardo Bruno – Nós precisamos entender que a nossa sociedade está doente. A gente terceiriza o processo de acompanhamento emocional, psicológico, espiritual e educacional dos nossos filhos; porque um jovem não sai de casa com vontade de matar outro jovem por acaso, não é hoje que ele acorda com essa vontade. Isso é algo que vai sendo trabalhado e ruminado nele durante muito tempo e que, muitas das vezes, ele dá sinal dentro de casa e os pais não estão enxergando. Nós precisamos nos perguntar o porquê que os nossos jovens estão doentes, o porquê que os nossos jovens estão com vontade de cometer certos atos.

Confira a entrevista completa no Falando Francamente da TV Farol