"Ele é o assassino de Beatriz", diz mãe de meninaFoto: TV Jornal Interior/Reprodução

Do Jornal do Comércio

 

Durou cerca de dez horas o primeiro dia de audiência da instrução e julgamento do homem acusado de assassinar a menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Seis testemunhas de acusação foram ouvidas, incluindo a mãe da menina, Lucinha Mota, nesta terça-feira (22).

Na saída do fórum, a mãe de Beatriz reforçou não ter dúvidas de que Marcelo da Silva, de 40 anos, é o culpado pelo crime, que aconteceu em dezembro de 2015.

“Ele é o assassino. Eu jamais permitiria que um inocente pagasse pelo crime. A confissão dele foi espontânea, ele não foi forçado a nada. Ele é um covarde, tirou a vida da minha princesa. Há muitas provas, não temos dúvidas. A defesa não tem como contestar nada”, afirmou Lucinha à imprensa.

A mãe de Beatriz teve acesso à íntegra do inquérito policial, que contou com 5.831 páginas.

A defesa do réu confesso alegou, pela manhã, que Marcelo não estava no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora no momento do crime. Ao ser questionado por repórteres onde o acusado estaria, o advogado Rafael Nunes se negou a falar. “Isso será alvo do interrogatório.”

Assim como ocorreu na entrada do fórum, Marcelo contou com reforço policial, na saída, para levá-lo até a viatura da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). Houve princípio de tumulto. VEJA O VÍDEO:

Nesta quarta-feira (23), estão previstos mais dois depoimentos de testemunhas de acusação e mais oito de testemunhas de defesa. Ao final, será o interrogatório do réu, que tem direito a permanecer em silêncio.

As sessões está sendo presidida pela juíza Elane Brandão. A imprensa não tem acesso.

Após a fase de depoimentos, o representante do Ministério Público e o advogado de defesa do réu terão que apresentar as alegações finais. Só então, a magistrada irá decidir se Marcelo irá a júri popular.

RELEMBRE O CASO BEATRIZ

Beatriz foi morta a facadas no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em 10 de dezembro de 2015. O autor do crime só foi descoberto em janeiro deste ano.

Marcelo da Silva responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima).

O acusado foi reconhecido por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime. Depois disso, a polícia foi até o presídio onde Marcelo estava, no Agreste de Pernambuco, e ele confessou o assassinato.

Em depoimento gravado em vídeo, Marcelo contou que havia entrado no colégio, onde ocorria uma festa de formatura, para conseguir dinheiro.

Beatriz, que havia saído da quadra esportiva para beber água, teria começado a gritar ao perceber a presença do acusado próximo a ela. Ele, então, teria levado a menina até uma sala isolada, onde praticou o crime. Ele contou que fez isso para que ela parasse de gritar.

A descoberta do assassino ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, para cobrar justiça. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime.

Além da ouvida do acusado, outras provas, como uma reprodução simulada na instituição de ensino, foram produzidas para a conclusão das investigações.