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Fotos: Arquivo Farol de Notícias / Alejandro García e Manu Silva

Já dizia o filósofo que o filho é o segredo revelado de um pai, e na relação fraterna entre os idosos internos do Abrigo Ana Ribeiro e seus progenitores, o que sobrou foi lembranças e saudade. No segundo domingo de agosto é comemorado o Dia Dos Pais e o FAROL DE NOTÍCIAS visitou o asilo para conversar com alguns dos senhores. Na casa, nenhum dos seis homens residentes tiveram filhos, alguns até chegaram a se casar mas não conheceram a paternidade e apenas dois guardam intacta a memória do pai.

20160803_112204O ex-engraxate João Barros, de 76 anos, é natural da Paraíba e contou que seu pai faleceu quando ele era bebê de colo, mas como todo sertanejo de raiz plantava milho, feijão e criava galinhas e bodes. “Não fui casado e nem tive nenhum filho, mas me criei em Triunfo, minha mãe era de lá. Meu pai chamava Cícero Pereira e minha mãe Isaura Barros, ele era trabalhador na roça mesmo e plantava milho, feijão, criava bicho. Nem lembro dele, sei o que minha mãe contava. Senti falta da companhia dele. Hoje em dia tem uns primos que vem me ver”, relatou.

idoso-ana-ribeiroSilvino Batista, 63 anos, era morador do Bom Jesus e mora há cerca de seis meses no abrigo. Segundo ele, a maior herança que recebeu do pai foi o ofício oleiro e sente falta de companhia. “Eu lembro do meu pai, o nome dele era José Silvino e morreu com uns 73 anos aqui em Serra. Era da Paraíba, em Itaporanga e trabalhou a vida toda fazendo tijolos. Sou filho único, tinha outro só que ele morreu e a gente veio morar aqui há muito tempo porque achava melhor. Eu também trabalhava com olaria, aprendi a fazer tijolos com ele quando tinha 10 anos”.

Em conversa com o FAROL, um dos coordenadores do Ana Ribeiro, Virgílio Júnior, afirmou que o abrigo sempre comemora datas especiais como o Dia Dos Pais. “Esse ano ainda não planejamos nada, pois nenhum dos idosos que estão lá atualmente têm filhos. Mas todos os anos comemoramos e fazemos alguma programação, além de receber escolas ou entidades que se dispõem a realizar essa atividade para eles. Estamos aguardando algum contato e quem puder e quiser comemorar com eles será muito bom”, convidou o coordenador.

O senhor João Barros não conheceu o pai, mas relembra os relatos da mãe sobre ele

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