Por Alejandro J. García, repórter fotográfico do Farol / Fotos: Alejandro García
Resignar-se ou encher o saco? O que será mais conveniente para viver em paz? Em Serra Talhada somos conscientes e muito bem documentados sobre comportamentos errados e egoístas que prejudicam a vida em comum. Apenas com uma pequena mudança de atitude poderíamos viver melhor comunitariamente. Mas não, tem sempre esse desconhecido que atrapalha porque pensa só em si mesmo e não vê nem considera seu semelhante. Ou então, nem pensa que o outro é semelhante, alguém igual a ele com os mesmos direitos.
Essa atitude já foi aceita como um carma cultural. Responde-se aludindo à educação (ou a falta dela). Pode até ser, mas então um dia tem que começar a se fazer alguma coisa para mudar. Isso no caso em que se queira mudar, mas parece que paira por cima da serra e cobre a cidade toda um nevoeiro de resignação estéril, que não deixa aparecer uma faísca de criatividade para sair dessa condição de retrocesso. O mais que se fez foi alguma passeata ou campanha pontual, que na semana seguinte ficou só na filmagem (que ninguém revê).
A resignação é geral, mas o desesperante é a resignação oficial, a do governo, que cala (ou se irrita) cada vez que se toca na questão. Que culpa o cidadão para dizer que não há solução. Que não assume a responsabilidade de governar, ainda nos problemas históricos sobre os que não têm culpa, mas é responsável por estar no comando. Pode convocar lideranças porque tem esse poder, mas cala. Pode sustentar campanhas mais permanentes, mas não faz. Pode até tomar medidas impopulares, mas se omite. Na foto do lixo, o carro da coleta passou 7h, eram 9h e estava desse jeito. Se for o caso de marcar a falta, alguém tem que fazer isso oficialmente.
A resignação religiosa se entende para o imutável, o inevitável. A resignação que impossibilita uma qualidade de vida melhor para todos e abdica da melhora. Renuncia a qualidade, submete-se a o ruim por desinteresse, por conforto, por falta de iniciativa ou pelo motivo que seja é falta de compromisso com a função que se exerce. Se for para evitar conflitos ou desentendimentos é covardia, mas não deve ser isso, pois o governo passa o tempo todo em enfrentamento inócuos, trocando farpas, parecendo criança brigando na rua em lugar de estar em casa fazendo os deveres.
Acompanha este texto umas fotos apenas ilustrativas, e espero que desta vez não, o conformismo de cidadãos que se resignam ante o evitável. Quanto mais, esperam as próximas eleições, às vezes para se resignar mais quatro anos.
13 comentários em Em Serra Talhada, o cidadão vive resignado até a próxima eleição e o governo é estéril