Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García
A autonomia e a satisfação com que uma senhora serra-talhadense encara a vida e supera suas limitações é contagiante. Assim é a forma como Maria do Rosário de Souza, 60 anos recém completos, é deficiente visual e conquista a todos a sua volta como um exemplo de perseverança para a cidade. A simpática dona de casa é casada e tem como o centro de sua vida a família. É irmã do presidente da Assedef, Assis Moreno, é casada com o vigilante José Gonzaga da Silva, 61 anos, com quem teve duas filhas Ana Cláudia, 25 anos, auxiliar de escritório e Ana Paula, também auxiliar de escritório. Além de ser totalmente independente nos afazeres de casa, Rosário ajuda a cuidar da primeira netinha, Karen Bianca, de apenas setes meses.
O FAROL visitou a casa de dona Rosa, como é conhecida no bairro Várzea. Segundo ela, a sua deficiência não é de nascença e seus irmãos, assim como ela, também pararam de enxergar gradativamente. “Nasci com um probleminha e com uns dias minha mãe percebeu. Minha vista era boa, mas eu chorava muito, sentia os olhos doerem, corria lágrima e não aguentava o claro. O médico daqui de Serra na época dizia que não tinha jeito, que era de nascença. Mais quando fiquei mais velha um tio meu me levou para Recife, o médico lá disse que se tivesse tratado de criança não tinha perdido a visão. Tenho dois irmãos, Assis Moreno e a mais velha. Nós três deixamos de enxergar. Antigamente, o povo ensinava os remédios e minha mãe colocava”.
Muito vaidosa, dona Rosa se aprontou toda para sair nas fotos e sorriu bastante durante a conversa. A felicidade que estampa no rosto e no prazer de cuidar do seu lar não evidenciam a vida difícil que viveu na zona rural de Serra Talhada e São José do Belmonte.
“Desde pequena que cuido nas coisas, com uns 7 anos pegava as roupas dos meus irmãos e ia para a beira do rio lavar. Aprendi a lavar, cozinhar e cuidar de tudo em casa. Tem muitas vezes das pessoas pensarem que eu nunca chorei, nunca sofri. Perdi minha mãe com 14 anos e a imagem dela é a que eu mais lembro, sonho com ela direto. Eu dou graças a Deus por ele ter me dando a chance de viver e ser feliz, com minhas filhas, meu marido e agora minha netinha que eu ajudo a cuidar”, relatou.
Ao lado da neta, dona Rosa posa feliz para as fotos, mas não esquece dos afazeres que deixou por fazer na espera para conversar com o FAROL
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