O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou invadir o México se o colega do país vizinho, Enrique Peña Nieto, não contiver a entrada de “bad hombres”, disse nesta quarta-feira (1º) a agência de notícias Associated Press.

“Você tem um monte de ‘bad hombres’ aí embaixo. Você não está fazendo o suficiente para pará-los. Acho que seus militares estão com medo. Os nossos não, então eu posso mandá-los aí para baixo para cuidar deles.”

A ameaça teria sido feita no telefonema entre os dois, na última sexta-feira (27). Nele, os presidentes tentaram dar fim à crise provocada pela insistência do americano em cobrar do vizinho a construção do muro na fronteira.

O trecho da ligação não esclarece quem exatamente o mandatário coloca no qualificativo —traficantes, imigrantes ou ambos. A agência também não informou o contexto da declaração e a resposta de Peña Nieto.

Segundo a agência, a frase foi obtida com funcionários da Casa Branca. A declaração havia sido publicada na terça (31) pela jornalista Dolia Estévez, no site Aristegui Noticias, que a recebeu de membros do governo mexicano.

A Casa Branca não quis comentar sobre o assunto. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores mexicano negou que a frase seja verdadeira.

“O tom foi construtivo e chegou-se ao acordo entre os presidentes de continuar trabalhando e que as equipes continuarão se reunindo frequentemente para construir um acordo que seja positivo para México e EUA.”

A expressão “bad hombres” (homens maus) foi usada pela primeira vez pelo presidente em um debate em outubro. “Temos que nos livrar de traficantes e pessoas más. Nós temos alguns ‘bad hombres’ aqui, e vamos tirá-los daqui.”

Na época, os opositores consideraram que Trump voltava a depreciar os imigrantes, após já ter dito ao iniciar a campanha, em junho de 2015, que os mexicanos “trazem drogas, trazem crime, são estupradores; alguns eu presumo que sejam boas pessoas”.

A declaração é divulgada no mesmo dia em que um grupo de militares americanos visitou a cidade mexicana de Tapachula, na fronteira com a Guatemala —principal acesso de imigrantes centro-americanos rumo aos EUA.

Segundo a embaixada americana na Cidade do México, a visita conjunta com agentes mexicanos estava marcada há meses. Não se sabe, porém, como a cooperação continuará no governo de Donald Trump.