Do JC Online

A equipe de produção de Democracia em Vertigem, indicado ao prêmio de melhor documentário na 92ª cerimônia do Oscar exibiu cartazes no tapete vermelho do Dolby Theatre, em Los Angeles, na noite deste domingo (9), em protesto contra a invasão de terras indígenas e a demora na solução do assassinato da vereadora Marielle Franco, entre outros temas.

Nos cartazes, lia-se em inglês: “697 dias sem Marielle”, “pare de invadir terras indígenas” e “resista ao neofacismo”. Em português, a pergunta: “Quem mandou matar Marielle?”.

A coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), Sonia Guajajara, esteve presenta a convite de Petra Costa, diretora do documentário. Vice-candidata à presidência em 2018 na chapa de Guilherme Boulos pelo PSOL, Sônia já havia estado com a diretora em eventos durante a campanha do Oscar.

Além disso, o montador do filme, Joaquim Castro, também levou um boné do MST para a premiação, com o qual tirou uma selfie e postou no Instagram via stories direto do tapete vermelho.
Democracia em Vertigem

Texto da repórter Valentine Herold

Apesar de Petra Costa não ter vencido o Oscar de Melhor Documentário com Democracia em Vertigem, sua indicação foi um feito. O filme concorria com The Cave, Honeyland, For Sama e o vencedor American Factory, que retrata o choque cultural no dia a dia industrial após a chegada de uma gigante chinesa na produção de vidros automotivos no estado de Ohio.

Ao longos das 92 edições do Oscar, o Brasil esteve representado 10 vezes. A primeira foi em 1960, quando Orfeu Negro, co-produção entre Brasil e França, venceu como Melhor Filme Estrangeiro. Já em 1963, O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, baseado na obra de Dias Gomes, também foi indicado Melhor Filme Estrangeiro, assim como O Quatrilho (1966), O Que É Isso, Companheiro? (1998).

Em 1985, Hector Babenco concorreu com O Beijo da Mulher Aranha, um filme realizado em parceria com os Estados Unidos, como Melhor Diretor. Em 1999, Central do Brasil teve duas indicações: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro. Em 2001, Uma História de Futebol concorreu ao prêmio de Melhor Curta-Metragem em Live Action. Três anos depois, em 2004, o icônico Cidade de Deus figurou em quatro categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia. Mais recentemente, em 2016, O Menino e o Mundo esteve na lista dos filmes indicados a Melhor Filme de Animação.

Democracia em Vertigem parte de um contexto muito íntimo da família de Petra na militância política e traça uma análise macro do panorama político brasileiro a partir do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff. Democracia em Vertigem estreou no festival de Sundance, em janeiro de 2019, e, em junho, chegou ao Brasil através da Netflix.