Do Diario de PE

Em 2005, em sua primeira gestão à frente do município de Carnaíba, o atual prefeito Anchieta Patriota, foi abordado na rua por uma garota que o questionou do porquê não haver piscina na cidade para as pessoas pobres. Na época, havia apenas a piscina da Associação Atlética Banco do Brasil, que dava acesso principalmente aos associados. O questionamento da menina ficou na cabeça de Anchieta Patriota. “As piscinas estiveram relacionadas às classes dominantes e mais ricas. O sertanejo sempre viveu essa realidade”, analisa o gestor, que foi criado tomando banho na beira do Rio Pajeú, que corta Carnaíba. Em 2007, quando inaugurou o Complexo Educacional Governador Miguel Arraes, no bairro Zedantas, na região central da cidade, Anchieta teve a preocupação de equipar a unidade escolar com uma piscina. A unidade atende crianças do sexto ao nono ano do ensino fundamental.

“A escola pública tem que ser de qualidade, oferecer o melhor ao aluno. A escola é feita para ele, tem que ser atraente”, destaca a secretária de Educação de Carnaíba, Cecília Patriota. De tão convidativa, a piscina semiolímpica provoca o envolvimento do aluno com a escola de tal forma que a diretora Cleide Alves dos Santos computa os benefícios em termos de evasão. No ano passado, de um universo de 617 alunos somente três evadiram. “Os estudantes gostam da escola e não querem ir para casa. Muitos que estudam em outras instituições querem estudar aqui”, conta Cleide. A piscina tem papel decisivo nessas escolhas por parte dos estudantes.

A piscina do Complexo Educacional não serve apenas para as aulas de educação física. Estudantes que participam dos jogos escolares municipais e regionais a utilizam como local de treinamentos. “Antes era um sacrifício para esses alunos prepararem-se para os jogos. Muitos treinavam em açudes e rios e só viam a piscina no dia da competição”, relata Cecília Patriota. A piscina está aberta para estudantes de outras escolas municipais e também estaduais durante o período de preparação para os jogos escolares. O espaço aquático também é aberto gratuitamente para os idosos na prática da hidroginástica, mediante agendamento.

No momento, a piscina está sendo bastante utilizada como local para treinamento porque os jogos escolares municipais começam no próximo dia 9 e se estendem até o dia 17 deste mês. As disputas na natação estão previstas para o dia 10.

Para a secretária de Educação Cecília Patriota, a escola pública tem que ser de qualidade e oferecer o melhor ao aluno, sendo atraente para cativá-lo. Crédito: Roberto Arrais/Divulgação
Para a secretária de Educação Cecília Patriota, a escola pública tem que ser de qualidade e oferecer o melhor ao aluno, sendo atraente para cativá-lo. Crédito: Roberto Arrais/Divulgação

Projeto melhora qualidade de vida

A escola Cônego Luiz Gonzaga, localizada no bairro Bela Vista, também foi beneficiada com o equipamento de natação. Possui três piscinas: duas com oito metros e uma com 10 metros. A professora de educação física Erissa Rodrigues é responsável pelas aulas de natação. “É um trabalho prazeroso. Muitos alunos que chegam aqui só viram piscina pela televisão. Acompanhar o crescimento deles como atletas e cidadãos é contagiante”, expõe Erissa Rodrigues. Ao todo são dez turmas, que se distribuem pelas três piscinas.

No Complexo Educacional quem está no comando das aulas de natação é a professora de educação física Mariana Siqueira. “A maioria dos alunos chega sem saber nadar mas quando aprende nos dá uma grande satisfação”, diz Mariana. São três turmas pela manhã e quatro turmas à tarde. Entre os estudantes está a pequena Maria Vitória Rodrigues Freitas, de dez anos e aluna do quarto ano. No ano passado, ela obteve o primeiro lugar nos jogos internos na modalidade nado crawl. “Aqui é bom porque aprendo brincando”, diz Maria Vitória, que sonha em ser uma grande nadadora. Seu colega Edgar Davi Praxedes Veras, de nove anos, é também craque na natação, registrando primeiro lugar no nado costas e no crawl, em 2018. “Gosto demais das aulas de natação. É muito bom estar na água”, conta o estudante da quarta série.

A área rural ainda não foi beneficiada com o projeto de instalação de piscinas nas unidades escolares, mas é intenção de Anchieta Patriota construir mais dez piscinas até o final do seu mandato. “Quem ganha é a população com uma melhor qualidade de vida. Além disso, formamos atletas, socializamos a meninada e levamos lazer à comunidade”, acentua a secretária de Educação. As cinco maiores escolas da zona rural devem receber o equipamento: em Ibitiranga (escolas Domingos Jacinto e José Batista), na Itã (Escola Padre Frederico Maciel), em Serra Branca (Escola Gizelda Simões) e na Lagoa do Caroá (Escola Martiniano Martins).

Além da natação, Carnaíba, distante 394 quilômetros do Recife, e com uma população de quase 20 mil habitantes, oferece outras modalidades esportivas aos seus estudantes de toda faixa etária, de acordo com a categoria, do pré-mirim ao infantil, nas práticas individuas e coletivas. São elas: atletismo (arremesso de peso, salto em altura, arremesso de disco, corrida nos 65 e 100 metros), tênis de mesa, badminton, vôlei de areia, judô e xadrez. E ainda: futebol de campo, futsal, handebol, vôlei de quadra, vôlei de areia e tênis de mesa.

Desses esportes, um deles chama a atenção pela adesão dos estudantes: o badminton. Praticada inicialmente pelos britânicos, a modalidade é sucesso entre os alunos da Escola Municipal Cônego Luiz Gonzaga. “Vi na televisão, me identifiquei e comecei a praticar aqui na escola”, conta Alisson Tyago Fernandes de Brito, 13 anos e que cursa a sétima série. O seu colega de turma, Luiz Eduardo Siqueira Nunes, 12 anos, também se identificou com o badminton. “É um esporte que mexe com todos os movimentos e com o raciocínio. Não dá para ficar parado”, diz.

O professor e treinador Jeison Malaquias, 34 anos, é quem dirige os jovens atletas na quadra da escola. “Por ser um esporte dinâmico e novo no município tem atraído a atenção da garotada, que tem se dedicado a ponto de já termos algumas promessas”, revela Jeison.

O badminton é um esporte praticado entre dois ou mais jogadores. Ainda que seja semelhante ao tênis, que usa raquetes e está dividido por uma rede, ele possui suas peculiaridades. Ao invés de uma bola, ele é jogado com uma espécie de peteca, chamada de volante. A prefeitura distribui com os alunos praticantes da modalidade kits com material esportivo relativo ao badminton.