Inauguração do Estádio Pereirão em Serra Talhada – Foto: Reprodução

Por Luiz Ferraz Filho, empresário e pesquisador da história de Serra Talhada

E no último domingo (21) fui despertado pela saudade. Sonhei imaginando o Estádio Municipal Nildo Pereira de Menezes (o Pereirão) lotado de fanáticos torcedores em comemoração aos 51 anos de fundação.

No sonho eu vi o prefeito Nildo Pereira e o vice Tião Oliveira adentrando em nossa praça de esportes ao lado do povão.

No sonho, o vice-governador Barreto Guimarães e o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Rubem Moreira, cumprimentavam os vendedores ambulantes.

Experimentavam sorvetes enquanto os fotógrafos e jornalistas buscavam o melhor ângulo para tentar popularizar suas imagens perante o humilde e sofrido povo sertanejo.

Vi as enormes paredes do muro e as arquibancadas pintadas as pressas com mão de cal. Vi uma torcida efusiva que vibrava com a entrada dos clubes Sport e Santa Cruz. Um jogaço para inaugurar aquele símbolo da nossa cidade.

Ninguém ousava discutir ou brigar por conta de duvidosos lances futebolísticos. Não existia torcida organizada e nem depredações de alambrados. O toque na bola dos meio-campistas tinham mais classe.

Os laterais não cruzavam a bola sem levantar a cabeça. Os zagueiros não davam carrinhos. O chutão era a melhor arma dos defensores. Mesmo sendo amistoso, os treinadores orientavam na anedota ‘bola por mato que o jogo é de campeonato’.

Os atacantes não eram viciados no rebote. Os jogadores estavam preparados, concentrados e condicionados fisicamente para fazer o melhor. Não tinha marra ou chuteira colorida, nem bebida e nem cabelo estiloso.

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Até porque, nenhum jogador era estrela. A estrela sempre foi o clube. E nenhum dos clubes queriam ficar na história como perdedor de um jogo inaugural. Mas, no apito final, o Santa Cruz venceu por 3×0 o Sport.

Dez mil pessoas assistiram esse clássico. Foi um verdadeiro jogaço. Acordei nostálgico com este sonho. Uma felicidade ilusória, pois eu não era nem nascido, quando em 21 de janeiro de 1973, inúmeros serra-talhadenses assistiram essa partida inaugural.

Após essa data, os jovens da nossa terra sentiram estimulados a formarem clubes amadores para disputarem os diversos campeonatos.

Uma seleta e espetacular geração de ótimos jogadores desfilaram seus dribles no gramado sertanejo, com destaque para:

O ‘bico de aço’ Paulo Moura, Demir, Renatinho, Nailson Gomes, Bria Pau-Ferro, Mimi, Gula, Colorado, Beto do Batukão, Daguinha, Chico de Roxa, Fernando da Favela, Petróleo, Ricardinho, Enilson, Vanduir, Rogério, Rincón, Jessui.

E muitos outros craques que vestiram as camisas do Comercial, Serrano, Ferroviário e Serra Talhada, que profissionalmente engrandeceram nossa história.

Entre os dirigentes e entusiastas não podemos esquecer de:

Zé Carlos Encanador, Seu Né das Bicicletas, Egídio Torres de Carvalho, Arnaud Rodrigues, Zé Naildo, Robério da Caixa, Zé Raimundo, Jarinho Carvalho, Carlos Godoy, Seu Dito, Altemar, Raminho do Favela, Dinha Lacerda, Licor, Rômulo Leão, Zé de Pai, Modesto Sá, Manoel Totó, Professor Nestor e Damião Romão.

E os eternos torcedores mascotes Lia Lucas, Dona Carminha, Doda Cabeção e Seu Baião, eterno e saudoso guardião do Estádio O Pereirão. Agora tudo é passado. Só resta a lembrança de um tempo que não volta mais.