Estudante denuncia agressão no RecifeDo Leiajá

“Quebra o rosto dela”. Foi essa a frase que uma estudante transexual, cuja identidade será preservada por questões de segurança, alega ter ouvido enquanto era agredida no meio da rua por dois homens na noite dessa sexta-feira (23). Ela tinha acabado de sair de uma festa que acontecia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no bairro da Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, e estava caminhando até uma parada de ônibus. A mulher usou as redes sociais para denunciar o crime.

“Sou uma mulher trans, negra e feminista. E antes de relatar minha história, eu quero mostrar a vocês o rosto que não é meu, quero mostrar o rosto que é da misoginia, o rosto da transfobia. O rosto de milhares de mulheres. Mostrar o rosto que antes de tudo denunciou, o único rosto que me fez ter vergonha de chegar em casa e olhar para minha mãe”, diz uma das postagens da estudante, com fotos mostrando a face bastante machucada e o olho inchado após as agressões.

Ela conta que saiu da aula de um cursinho pré-vestibular na UFPE e resolveu ir até o Centro de Educação, onde estava acontecendo um evento cultural formado pela diretoria LGBT da Universidade. Foi neste local que ela teria sofrido o primeiro ataque.

“Fui abordada por um sujeito homem cis que interrogou se eu era mulher ou não, olhando para mim e minhas amigas, afirmei ser mulher. O mesmo debochou. Imediatamente olho para o homem e falo: diga se eu não sou mulher! Diz olhando para mim e afirme que eu não sou mulher. Como eu estava entre amigos, o sujeito saiu”, detalhou a estudante na postagem. Em seguida, ela subiu ao palco do evento e denunciou o ocorrido.

Algum tempo depois – o horário não foi detalhado -, a estudante afirma que resolveu ir embora da festa e foi caminhando sozinha até a parada do ônibus. “Jogam uma pedra e antes que eu pare para vê (sic) a direção do ataque, sou abordada por dois homens que me batem no rosto ao ponto em que perco a visão, em seguida levo murros que não consigo contar a sequência, até que em uma tentativa certa consigo correr”, relatou a estudante.

 A mulher relata, ainda, que, além das agressões, os homens apalparam o corpo dela. “Humilhada, agredida e assediada. Hoje me sinto sem forças para levantar a voz”, finalizou.