Embora a colação seja daqui a três dias, oficialmente os quatro já são médicos. Tiraram o registro no Conselho Regional de Medicina (Cremepe) semana passada. Não perderam tempo e arrumaram logo plantões em unidades de saúde do Grande Recife e interior. “O coração bateu acelerado. Peguei meu CRM de manhã e no fim da tarde estava na UPA de Nova Descoberta (Zona Norte do Recife). Deu um frio na barriga. No caminho fui refletindo, pensando: será que eu consigo? Graças a Deus deu tudo certo, encontrei amigos com quem convivi na faculdade e foi tudo bem”, relembra Márcio, que se despede da CEP após 11 anos morando lá. “Não dormi direito, estava nervoso para pegar o CRM. Fiquei um tempão olhando para a carteira de médico”, relata Jonas.
Entre os 7 e 15 anos, Jonas trabalhou ao lado da mãe, cortando e limpando cana-de-açúcar, nos engenhos da cidade de Joaquim Nabuco, na Zona da Mata pernambucana, onde reside sua família. Desse tempo, lembra do sol forte e da dor nas costas. Acordava cedo, ainda de madrugada, e seguia para os canaviais. Café e farofa de fubá misturada com charque eram o combustível para a lida. “Foi um tempo difícil. Meu pai é pedreiro, somos sete filhos. Ele viajava para outros Estados para arrumar trabalho, enquanto minha mãe cuidava da gente. Se não trabalhássemos, não havia o que comer”, diz Jonas, que também vendeu picolé, carregou frete, vendeu frutas e deu aula particular.
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