Do UOL

O ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos foi preso em uma operação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) realizada na manhã de hoje.

Segundo o órgão, ele é apontado como integrante da organização criminosa que fraudou contratos de compra de respiradores pulmonares, em caráter emergencial, para atendimento de pacientes com a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O ex-secretário vai responder pelos crimes de organização criminosa e peculato.

De acordo com o MP, Edmar diz desconhecer a existência de um esquema de fraudes para compra dos equipamentos. Em 6 de julho, ele se manteve em silêncio em depoimento por videoconferência para a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), alegando seguir instruções dos seus advogados.

A prisão é um desdobramento da Operação Mercadores do Caos. Edmar foi preso em sua casa no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos numa outra casa dele, em Itaipava, na região serrana.

Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.

Segundo o MP, houve autorização da Justiça para acesso e extração de conteúdo armazenado nos materiais apreendidos, como celulares, computadores e pen drives, inclusive de registros de conversas telefônicas ou telemáticos, como mensagens via SMS ou aplicativos como WhatsApp.

A Justiça também autorizou o arresto, ou seja, a apreensão judicial, de bens e valores de Edmar até o valor de R$ 36.922.920,00, equivalente aos recursos desviados em três contratos fraudados para compra dos equipamentos médicos.
Investigação

Segundo o Ministério Público, as investigações “sobre a organização criminosa que se infiltrou e se apoderou das estruturas da Secretaria Estadual de Saúde do Rio” identificou que Edmar era “comandante do grupo” ao lado do ex-subsecretário executivo da pasta Gabriell Neves, que foi preso em 7 de maio.

“Edmar Santos atuou, com vontade livre e de forma consciente, em comunhão de ações e desígnios, com os demandados na anterior denúncia oferecida na fase 1 da Operação Mercadores do Caos, desviando um milionário volume de recursos públicos destinados à compra de respiradores/ventiladores pulmonares, até hoje não entregues para o atendimento à população, ainda em meio à grave pandemia do novo coronavírus no estado”, diz um trecho de comunicado divulgado pelo órgão.

Na denúncia apresentada à Justiça, o MP ressalta que, mesmo após a descoberta do esquema, a influência política de Edmar ainda persiste e lembrou a tentativa de sua nomeação para o cargo de secretário extraordinário após sua exoneração como secretário titular da pasta, “conferindo-lhe pseudo-blindagem”. A estratégia, ressalta o MP, acabou barrada por liminar.

O órgão aponta que, em liberdade, Edmar pode dificultar o rastreamento das verbas públicas desviadas, destruir provas e ameaçar testemunhas.
Silêncio na Alerj

Edmar Santos se recusou a responder às perguntas feitas por integrantes da Comissão Especial de Fiscalização da Alerj que apura supostos casos de corrupção durante o estado de emergência decretado por causa da pandemia do coronavírus, na manhã de segunda-feira.

Orientado por seus advogados, Edmar —que já havia faltado a uma convocação— permaneceu em silêncio e afirmou não ter a obrigação de “produzir provas contra si”. Durante mais de 1h30, parlamentares fizeram questionamentos em relação a compras e contratos emergenciais da área da saúde e sobre a destinação de verbas para a construção dos hospitais de campanha.

Apesar disso, o médico permaneceu em silêncio e argumentou que já é alvo de uma investigação no STJ (Superior Tribunal de Justiça).