lava jatoExecutivos da construtora Odebrecht, entre eles o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, apontaram mais de cem deputados, senadores e ministros, entre outros políticos, como beneficiários diretos de desvios de dinheiro público, ou como recebedores de outras vantagens, como repasses de verba para suas campanhas, por exemplo. Entre os citados há pelo menos dez governadores e ex-governadores. A informação é do jornal O Globo.

Entre os citados nas negociações preliminares estão o governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB); de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); e de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Na relação também estão os nomes de vários ex-governadores, entre eles Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Os depoimentos dos executivos da Odebrecht no acordo de delação premiada estão previstos para começar hoje.

As revelações da cúpula da empresa são as mais temidas desde o início da Lava Jato, há dois anos. Maior empreiteira do país, a Odebrecht tem obras e contratos com a administração pública dos três Poderes, e em praticamente todos os estados do país. Só no ano passado, a companhia teve um lucro de mais de R$ 130 bilhões com negócios no Brasil e no exterior.

Após complicadas negociações, a assinatura do acordo de delação premiada dos executivos é dada como certa. As tratativas evoluíram especialmente depois que advogados da empresa informaram ao Ministério Público Federal que estavam conseguindo recuperar os arquivos eletrônicos do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, destinado a pagar propina a pedido de outras áreas da empresa.

As provas contidas nesses arquivos são consideradas essenciais. Os procuradores do MPF exigiram que os investigados apresentem um quadro claro sobre os repasses de dinheiro de origem ilegal a autoridades. Com isso, a Odebrecht deve fechar acordo antes da OAS, outra empreiteira investigada na Lava Jato.

O ex-governador Sérgio Cabral, afirmou por intermédio de sua assessoria, “sua indignação e seu repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude”. Ele declarou que manteve com a Odebrecht apenas relações institucionais. O governador licenciado Luiz Fernando Pezão não quis comentar, por não conhecer os detalhes do que está sendo citado nos acordos de delação.

Já o governador Geraldo Alckmin informou que todas as suas prestações de contas das campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. “À frente do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin sempre pautou suas ações de forma estritamente profissional na defesa do interesse público com empresários. Geraldo Alckmin não mantém e jamais manteve relações pessoais com executivos da empresa Odebrecht”.

Fernando Pimentel disse, por meio de sua assessoria: “Não vamos comentar uma suposta delação que, se de fato ocorreu, está resguardada pelo sigilo judicial”.

Diário de Pernambuco