Do Diario de Pernambuco 

Nos últimos dias, o nome de Gabriel Boric apareceu várias vezes entre os assuntos mais comentados do Twitter Brasil e em tweets virais. Eleito presidente do Chile no último domingo (19), os comentários sobre o chileno não estão vindo apenas de perfis jornalísticos ou de analistas políticos. O presidente eleito caiu no gosto dos jovens brasileiros, principalmente pelos gostos e opiniões.

Boric será o primeiro presidente millenium da América Latina, e muita gente está se identificando com ele e torcendo por um maior espaço para políticos mais jovens no Brasil e no resto do mundo.

Além da carreira política, outras características do esquerdista chamou atenção nas redes sociais. Uma delas é por Boric ser um grande fã de música. Na adolescente, ele teve até mesmo uma banda de rock, com influências em Nirvana e Metallica.

Música é um tema frequente nas entrevistas do chileno, que planeja um maior investimento na área cultural do país. Ele fez várias participações em programas voltados para o público jovem, onde falou sobre bandas e álbuns de rock que mais escuta. Após a eleição, ele foi parabenizado por ícones do gênero, como Tom Morello, ex-integrante do Audioslave, e Roger Waters, fundador do Pink Floyd.

Fã de carteirinha de Taylor Swift
Agora mais velho, Gabriel também tornou-se um grande admirador de uma das maiores cantoras da música pop, a norte-americana Taylor Swift. O futuro presidente já tirou fotos com imagens da cantora e vestindo o mesmo cardigã customizado que Taylor usou no videoclipe da faixa Cardigan.

Mas um dos vídeos que mais viralizou nos últimos dias é uma gravação de Gabriel sendo parado por jovens chilenas que o questionam: “Você é ou não swiftie (fã da Taylor Swift)?”. Como resposta, Gabriel mostrou uma foto da cantora que leva dentro da carteira. O vídeo com esse momento já supera 750 mil visualizações apenas no Twitter.
Em outras imagens que viralizaram na internet, Gabriel Boric também agradou os fãs de música coreana. Ele mostrou fotos de idols como Jeongyeon, do girlgroup Twice, e Chan e Han, do Stray Kids.

Outros internautas se identificaram com o chileno por ele ser fã de jogos online, por ter um projeto para a profissionalização e fortalecimento do futebol feminino e até descobriram que Gabriel será o primeiro presidente da América Latina com tatuagens aparentes.

Mas o que isso quer dizer?
O grande número de tweets virais ou comentários elogiando o novo presidente do Chile revelam um fato importante sobre o cenário político atual: mais do que nunca, os jovens esperam se enxergar nos postulantes a cargos públicos.

Gabriel é ex-líder de movimento estudantil e filiado ao partido de esquerda Convergência Social. Teve a maior votação da história do Chile, com 4,6 milhões de votos e 55.8% do total. O novo presidente venceu ocandidato da extrema direita, José Antonio Kast.

O futuro presidente se define como ambientalista, feminista e regionalista. Entre os principais pontos de campanha está a diminuição das horas de trabalho, aumento do salário minimo e defesa dos direitos dos LGBTQIA+ e das mulheres.

Vale lembrar que Gabriel Boric saiu atrás na disputa pela presidência. No primeiro turno, José Antonio Kast teve 27,9% dos votos, contra 25,8% do esquerdista. O apoio da juventude foi um dos principais responsáveis pela virada no pleito — que contou com o maior número de eleitores da história do Chile, onde o voto não é obrigatório.

Entre um turno e outro houve aumento de 1,2 milhão de votos, com crescimento principalmente entre os mais jovens — 53% participaram na primeira etapa do pleito, contra 63% na segunda.

A plataforma Decide Chile analisou os dados eleitorais divulgados pelo Serviço Eleitoral do Chile (Servel) e identificou que foram as mulheres jovens que garantiram a vitória de Gabriel no país.

68% das mulheres com menos de 30 anos votaram em Boric, contra 32% com Kast. Entre homens da mesma idade a diferença foi de 64% contra 36% para o esquerdista. O ultradireitista venceu entre os maiores de 70 anos.

Em outubro de 2019, foram os jovens que deram início a uma das maiores séries de protestos da história recente do Chile. Iniciado como um protesto de estudantes de ensino médio contra o valor dos bilhetes do metrô, o movimento acabou iniciando uma forte onda contrária ao presidente conservador do Chile na época, o Sebastián Piñera.

O Brasil ainda não tem um candidato jovem
Até o momento, tudo indica que não teremos um nome jovem entre os candidatos ao Palácio do Planalto. O líder das pesquisas para o pleito de 2022, o ex-presidente Lula é o pré-candidato mais velho, com 76 anos. O atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), tem 66 anos.

O mais jovem entre os pré-candidatos é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que tem 45 anos. Ciro Gomes (PDT) tem 64; Sérgio Moro (Podemos), 49; Simone Tebet (MDB), 51 e João Dória (PSDB) tem 64.

Assim como no Chile, a idade mínima para se candidatar ao cargo de Presidente da República é 35 anos.