Familiares de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Esperança de Olinda, antigo Prontolinda, no Grande Recife, foram alvo, nesta sexta-feira (3), de um antigo golpe na área de saúde. Eles recebem ligações de uma pessoa que se identifica como dr. Paulo Pacheco e se dizendo diretor médico da unidade. No telefone, o suposto médico diz que a família precisa pagar por procedimentos urgentes que não estão sendo cobertos pelos planos de saúde e que, se não fossem feitos, poderiam causar até a morte do paciente.

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Uma das pessoas que recebeu a ligação do golpista foi o funcionário público Eduardo Vicente, 51 anos, que está com a mãe internada desde a noite dessa quinta-feira (2). Na ligação que aconteceu no início desta tarde, o suposto diretor médico informava que o plano de saúde da paciente não estava autorizando os procedimentos e que a família deveria depositar R$ 6.200 para realização de tomografias.

“Ele me ligou dizendo que minha mãe precisava desses exames com urgência e que o plano iria demorar cerca de 10 dias para liberar e ela não poderia esperar. Liguei para o plano de saúde e me disseram que não havia qualquer solicitação desses procedimentos e que tudo que tinha sido pedido pelo hospital foi autorizado”, contou Eduardo Vicente.

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Ele disse ainda que antes de fazer o depósito foi ao hospital para saber sobre o quadro de saúde da mãe e ao chegar se deparou com um alvoroço e pessoas contando que haviam recebido ligações semelhantes. “Só descobri que era golpe quando cheguei no Esperança. Até então eu estava acreditando. Agora, depois, quando você para pra pensar, percebe que a linguagem do tal Paulo Pacheco é muito íntima, pouco profissional, algo que não é comum dos médicos”, relembrou.

Para Eduardo, o golpista chegou a fornecer os dados de uma conta bancária. Ele fez uma simulação de depósito e descobriu que a conta é proveniente de Rondonnópolis (MG) e está no nome de Michely Maria Alves A. Rodrigues. Um CPF também foi repassado para a realização do depósito: 061.112.401-70.

Quem também recebeu a ligação cobrando R$ 6.200 para exames do seu pai que está internado desde o dia 31 de janeiro foi a irmã da psicóloga M.L que preferiu não ter sua identidade divulgada. Embora no dia da internação M.L tenha fornecido seus dados pessoais, o golpista entrou em contato com sua irmã que só informou o número de seu telefone posteriormente alegando que M.L ficaria nervosa ao receber notícias do pai.

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“Não consigo entender como ligaram para ela se o número que está no registro do meu pai é o meu. O incrível é que o tal Paulo Pacheco sabe até o que minha irmã disse na hora que colocou o telefone na lista de contatos do meu pai. No momento da ligação pedindo o dinheiro ela pediu que ele [golpista] entrasse me procurasse no hospital porque eu estava lá. Ele desconversou e usou como justificativa a história de que eu era muito nervosa”, detalhou M.L.

A psicóloga ainda se mostrou surpresa com a quantidade de informações que o golpista tem sobre os pacientes internados na UTI. “Ele disse que meu pai estava com uma hemorragia no pâncreas e que estava entrado em sepse. Meu pai está internado por causa de um problema no pâncreas. É incrível como eles têm até esses detalhes”, comentou. O crime só foi descoberto pela família, quando a irmã ligou para o hospital procurando pelo tal médico e foi informada que se tratava de um golpe.

Segundo Eduardo Vicente e M.L, pelo menos outras seis famílias teriam recebido a mesma ligação do golpe. Uma delas foi uma pessoa identificada apenas como Mariza de Almeida que teria chegado a fazer um depósito de mais de R$ 4 mil. Ela preferiu não conceder entrevista ao NE10 alegando estar muito constrangida com o golpe, mas confirmou que pretende prestar queixa na delegacia neste sábado (4) para dar prosseguimento às investigações.

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As vítimas não sabem como os dados dos pacientes e seus familiares foram descobertos. Alguns sugerem que o sistema do hospital tenha sido rackeado, outros suspeitam de que funcionários da rede possa estar envolvidos no crime.

Sobre o ocorrido, o Hospital Esperança de Olinda se pronunciou através de nota repudiando a ação criminosa: “O Hospital Esperança Olinda lamenta e repudia a ação de pessoas que se aproveitam do momento de fragilidade de familiares com pacientes internados nos hospitais de Pernambuco. É importante reafirmar que nenhum hospital da Rede D´Or telefona solicitando qualquer tipo de pagamento.  Inclusive, esse alerta é passado por escrito e verbalmente no momento da internação de todos os pacientes, além de ser afixado em avisos dispostos em salas de espera e elevadores da instituição. O Hospital se coloca à disposição dos órgãos responsáveis para apoiar nas investigações”.

Do NE10