Publicado às 15h desta sexta (14)

O protocolo de atendimento às pessoas com Covid-19 ou com suspeitas da doença não vem acorrendo como deveria em Serra Talhada o que, estranhamente, tem colocado a saúde da própria população em risco. Essa é a opinião de uma família do bairro da Várzea, que buscou a reportagem do FAROL nesta sexta-feira (14), denunciando uma situação preocupante.

Um idoso da casa, seu Edvaldo Fortunato da Silva, 73 anos, é paciente de alto risco e está com sintomas da Covid. No entanto, ele se deparou com um ‘jogo de empurra-empurra’ entre o sistema municipal de saúde e o Hospam. Quem relata é a esposa dele Gorete Ramos, 68 anos. Ela disse ao FAROL que desde ontem [quinta,13] o seu marido vem apresentando desconforto característico da Covid. Seu Edvaldo é diabético, safenado e usa marcapasso.

“Ele foi no posto lá do Rodeio, mediu a saturação de oxigênio e identificaram que estava um pouco baixa. Então, de lá, foi encaminhado para o Hospam acreditando que seria internado. No Hospam, mediram a saturação de novo e disseram que estava normal, daí passaram Azitromicina para ele e, sem ter feito qualquer teste nele, não falaram em internamento, mandaram ele para casa avisando que hoje [sexta, 14] era para a gente procurar o posto de saúde do nosso bairro”, contou dona Gorete.

CHEGANDO NO POSTO, CADÊ O MÉDICO?

No entanto, disse dona Gorete, quando chegaram no posto de saúde nesta sexta, já com a saúde do paciente um pouco mais debilitada, o posto estava sem médico. “Lá no postinho da AABB nos disseram que a médica tava de folga e que tínhamos que esperar até segunda-feira (17), para ela avaliar meu marido”. Veja a situação?”, indagou Gorete Ramos.

“Ficar de quinta até segunda, esperando a boa vontade desse povo e meu marido em casa piorando com os sintomas? Isso não é errado não? Por que não colocam um médico extra para atender nas sextas então? Em plena pandemia a pessoa chegar e ouvir que o posto tá sem médico? E que temos que esperar mais dois dias para que ele seja atendido? Isso é muito errado, a gente está bolando de um lado para o outro sem saber o que fazer”.

SINTOMAS

“Meu esposo não fez sequer o teste, e está sem paladar e olfato, com dor na gargante, dor de cabeça, com tosse seca, dor nas costas. É diabético, safenado e usa marcapasso. Olha a situação! Isso não é uma emergência? E se ele piorar? O Hospam mandou a gente ir para o postinho e agora a gente não sabe mais o que fazer. Ele é paciente de risco, procurou o atendimento e não teve”, desabafou a moradora.

RESPOSTA DA PREFEITURA

O FAROL entrou em contato com a secretária de Saúde Natália Regalatto e expôs a situação. “Se um idoso de 73 anos está sentindo falta de ar, com dor de garganta, tosse seca e dor de cabeça, a família tem que ir no Centro de Atendimento ao Covid com ele [da Prefeitura]. E se ele está com falta de ar, ele precisa ir diretamente para o Hospital, é emergência respiratória, não é o posto de saúde”, disse ela.

Sobre a falta de médico no posto

“Toda unidade de saúde, ela dispõe de um dia de visita domiciliar aos pacientes, como nesse período de pandemia a gente não está fazendo visita domiciliar diretamente, os nossos profissionais podem tirar um dia de folga, porque eles estão na linha de frente desde o início da pandemia. Então, toda unidade de saúde tem o dia da visita domiciliar que não vai ter o médico, fato na unidade. Então, o atendimento fica para segunda-feira. Mas se ele está com sintomas respiratórios, a família deve procurar o Centro de Atendimento à Covid [no Rodeio], que funciona de domingo a domingo”, aconselhou a secretária de Saúde.