Fotos: Reprodução / Instagram

Publicado às 18h35 desta sexta-feira (8)

Duas semanas após a tragédia que abalou o Brasil e o mundo com o rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, pertencente a mineradora Vale, na cidade de Brumadinho, no estado de Minas Gerais, a reportagem do Farol de Notícias descobriu um serra-talhadense que está entre os profissionais que atuam em expedições para o resgate de possíveis sobreviventes e corpos.

Seu nome é Rafaell Igor Ferraz Queiroz, de 29 anos, militar filho de Roberto Queiroz, 56 anos, supervisor de vendas e Etelvira Ferraz, 58 anos, funcionária pública aposentada, moradores da AABB. Talento nato, toca teclado desde os 6 anos e recentemente começou a tocar sanfona.

Rafaell estudou na antiga Escola Pequeno Príncipe e Colégio de Aplicação. Aos 15 anos mudou para Recife onde estudou Engenharia Elétrica e ingressou na PMPE (Polícia Militar de Pernambuco), onde atuou por 5 anos. Em 2016 ingressou no Curso de Formação de Oficiais Bombeiros (CFO), em Minas Gerais.

“Em Brumadinho, chefiei uma equipe de busca em um momento e em outro trabalhei em algumas funções no posto de comando, e vou seguir nesse rodízio, Brumadinho faz parte do Batalhão que sou lotado (2°BBM). Fui em um dia no início (no posto de comando) depois voltei e fiquei 4 dias nas equipes de buscas, retorno no dia 12 e fico até o dia 15 para umas dessas duas funções, isso por causa do revezamento das equipes”, disse Rafael com exclusividade ao Farol.

MOMENTOS IMPACTANTES

Segundo Rafaell, o mais surpreendente ao chegar na cidade é se deparar com o tamanho da destruição causada pela lama. Além do contato e os relatos dos parentes das vítimas que ainda permanecem desaparecidas. Até o momento, a imprensa nacional contabiliza 157 mortes confirmadas, 134 corpos identificados e 182 desparecidos.

“O mais tocante é ver os familiares apreensivos, esperando notícias do familiar desaparecido. Quando a gente chega na zona quente é que vê a proporção do que aconteceu. Tem uma ponte muito grande que a lama derrubou e a gente vê a distância que trouxe todo esse concreto pela lama. Casas destruídas, área florestal com muita derrubada de árvores e o tamanho da área afetada. Não fiz resgate de nenhuma vítima, nas buscas só encontramos seguimentos de corpos ou corpos e enviamos pelo helicóptero para o local de coleta e reconhecimento”, relatou Rafaell.

ENFRENTANDO OS RISCOS

Mostrando coragem e preparo para lidar com o mar de lama que tomou a cidade mineira que comportava pouco mais de 35 mil habitantes, Rafaell Ferraz detalhou os riscos que os bombeiros enfrentam durante as buscas. Eles passam o dia vasculhando a área afetada e só conseguem ter acesso ao local por meio de helicóptero.

“Existe uma noção de risco diferente, a gente já está acostumado a algumas coisas, como o embarque e desembarque do helicóptero, a lama. Às vezes, a gente enfia o cajado de deslocamento e ele afunda de 2 a 3 metros, há locais que a lama está mole e nós afundamos. Temos que fazer exames para saber se tivemos alguma contaminação dos metais pesados dos rejeitos minerais ou da decomposição da matéria orgânica animal e vegetal. Tem chuva, raios e risco, mas para o trabalho do bombeiro é normal”, finalizou.

Em Minas, Rafaell Ferraz além de salvar vidas, mantém consigo as origens da boa cantoria do Sertão. Em Serra Talhada ele fez parte do grupo Mirins do Forró