feirantes de serra talhada cobram apoio para trabalhar
Fotos: Licca Lima / Farol de Notícias

O setor do Pátio e a Praça de Alimentação da Feira Livre não vive mais seus dias de grande concentração de vendas, movimentação cultural e gastronômica em Serra Talhada. Feirantes provocaram o Farol de Notícias para visitar o espaço e conferir de perto os problemas enfrentados. No início desta semana, ouvimos alguns trabalhadores que ganham a vida no local e também visitantes serra-talhadenses clientes.

As reclamações trazem a tona desde problemas com a falta de água para limpeza dos espaços comuns e produção de produtos no boxes de alimentação, assim como segurança, manutenção da estrutura e até mesmo a gestão de atrações culturais e abertura do espaço em feriados. A reclamação recai, principalmente, sobre a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, e também sob a prefeita Márcia Conrado, que não frequenta a feira.

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Para o dono de box de alimentação Rosivaldo Moraes (foto abaixo), a principal queixa sobre o local é a falta de água, que castiga os trabalhadores diante do calor. Além de segurança para quem atua e quem visita o pátio.

“O problema aqui na feira é água, minha filha. Água, segurança, e nós não tem nada aqui, não tem nada. A água, segurança, a água aqui é assim, direto aqui ó, pingando. Não tem água aqui. A falta d’água direto, uma bomba aí que eu não sei, não resolve esse problema dessa bomba aí. É sério, nada, nada. Não resolve, não. A diretoria aqui tá na negação”.

Para o feirante Rosivaldo Moraes a falta de água é o principal problema – Foto: Licca Lima / Farol de Notícias

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A dona de boxe Vânia Maria também analisou a falta de água, mas ponderou sobre racionamento. Mas a segurança no local e a falta de atrações culturais tem afugentado os clientes. A feirante também chamou a atenção para distribuição injusta dos espaços de trabalho, boxes e bancas. Segundo ela, há muitos espaços fechados e pessoas querendo trabalhar, mas sem oportunidade.

“[O banheiro] é um nojo, um nojo de você entrar lá e você não segurar nem a comida dentro. Era limpinho, não é mais. Estão namorando até dentro dos banheiros. Já foram pegos várias pessoas já namorando dentro do banheiro, e o caso tá sério aqui. Não, da água, a gente tem água. Falta um pouquinho, mas é porque ele corta para poder a gente regrar. A banda era bom quando tinha dia de segunda-feira, era topada aqui. Ninguém ficava sem vender, depois que tiraram essa banda, acabou com a feira“, comentou Vânia, enviando um recado para a gestora municipal:

“A prefeita? Nada. Eu queria mandar um recadinho para a prefeita, eu tenho cinco anos trabalhando aqui pros outros, ganhando R$ 30 minha diária. Eu nunca ganhei um box aqui, e tem muitos boxes aí fechados, ali dentro, e eu nunca ganhei nenhum. Tem muita gente aqui que tá comprando de dois boxes. Como é que pode ser, se era pra dar esses boxes ao povo que precisa trabalhar? Aí lá dentro está tudo fechado, e fica nós sem ter nenhum e precisando, né?”

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Vânia Maria trabalha por diária a R$ 30, ela sonha em ter seu próprio box – Foto: Licca Lima / Farol de Notícias

O serra-talhadense Antônio Nogueira trabalha no ramo de hotelaria e turismo próximo ao pátio da feira e frequenta há muitos anos. De acordo com ele, o ambiente que deveria ser de lazer para a população se tornou inviável de receber famílias por falta de segurança e cuidado com a praça de alimentação.

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“Antes de eu ir pro trabalho, eu passo aqui todos os dias. A praça, ao meu ver, está totalmente abandonada. Com relação à segurança, com relação a animais dentro, com relação ao cuidar da praça, com relação a ouvir os donos de depósitos, que ninguém vem ouvir, para ver as solicitações, pra ver o que é que pode melhorar. Família mesmo, ultimamente, não tá podendo mais frequentar por conta das brigas, de pessoas que consomem drogas, pessoas importunando nas mesas, animais por dentro das mesas”, analisou o frequentador, complementando:

“Então, tá um absurdo, um absurdo. Isso que eu vejo todos os dias. Está preocupando, as pessoas que são donas de box, eles precisam lucrar. E outro detalhe também, é no feriado. Feriado é pra você sair, tomar sua cerveja, levar sua família e se alimentar. No feriado fecha uma praça de alimentação. Isso, ao meu ver, não é correto. Final de semana, feriado, é o chama do pessoal, é onde o pessoal vem para sair de casa. Fechado. Não tem explicação para isso. Não tem como eles lucrarem”.

Maria de Lourdes Nicoldemi é uma das mais antigas feirantes entrevistadas, com 16 anos de experiência na praça de alimentação. Conhecida como Dona Bia, ela fez um comentário aprofundado sobre as condições de trabalho na feira e como a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a Prefeitura de Serra Talhada tem lidado com o centro comercial.

“O problema é tudo. A gente não tem água há mais de mês, o pessoal reclama de banheiro. Elas limpam e cuidam, mas não tem como sem água. Tem uma caixa d’água ali para elas carregarem para lavar, passam o dia todo carregando água. Para cozinhar a gente não tem, tem que estar comprando. Durante o tempo que a gente tá, teve uma reforma na época do Luciano Duque. De Márcia para cá, ela nunca fez reforma. Aliás, nem aqui para ver o que a gente precisa, ela nunca veio, nem na época da política dela”, desabafou Maria de Lourdes, finalizando:

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“Tem Antônio que toma conta, mas ele não pode fazer nada. Porque para ele fazer primeiro tem que passar pelo secretário, que é Elysandro. Ele vem lá por trás, entra na secretaria e nem aqui vem para fazer uma reunião. Meu sonho era um dia ver ela [prefeita] aqui. Eu já tenho 16 anos que eu tô aqui, esse abandono só foi da época de Márcia Conrado para cá. Dia de segunda, você tá vendo alguém aí? Banda que a gente tinha na segunda-feira, ela cortou. Eu não sei qual é a raiva que ela tem da gente nessa feira. Eu fico muito sentida com o que acontece. Não somos bicho, mas aqui a gente é tratado como bicho”.

O OUTRO LADO

A reportagem fez contato com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Elysandro Nogueira, mas até o fechamento da matéria não houve retorno.

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