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Por Rede Observatório

A família de Virgulino Ferreira da Silva e Maria Gomes de Oliveira, respectivamente Lampião e Maria Bonita, está processando o autor do livro “Da Silva: a grande fake news da esquerda”, Tiago Pavinatto.

Na ação a filha de Lampião, Expedita Ferreira Nunes, 91 anos, pede reparação de R$ 245 mil por danos morais.

De acordo com ela, o livro é carente de fundamentos históricos e caracterizado por um teor extremamente agressivo à honra de Virgulino e seus familiares.

Os advogados da família ressaltam que têm atuado para coibir tentativas de exploração comercial desautorizada dos nomes de Lampião e Maria Bonita.

“E reiteramos nosso compromisso em continuar a proteger a memória e o legado dessas figuras históricas”, diz a nota.

NEM ESQUERDA NEM DIREITA

ABUSOS – Na ação, a família também requer que seja “reconhecido o abuso do exercício da liberdade de expressão e informação dos demandados”.

Além disso, eles pedem a condenação de Pavinatto e da editora por submeter Lampião a “desprezo público, com intento comercial e lucrativo”.

LIVRO – O autor do livro se apresenta como advogado e filósofo, além de jornalista e escritor.

Ganhou notoriedade como “polemista” em programas da Jovem Pan News, de onde foi demitido recentemente justamente por excessos cometidos em comentários.

Especificamente sobre as considerações a respeito do Rei do Cangaço, Pavinatto já começa a “escorregar” no título, ao tentar fazer um vínculo inexistente entre a figura de Virgulino e política partidária.

Qualquer pesquisador iniciante sabe que o Cangaço foi um movimento social único e tipicamente nordestino, que nunca teve qualquer relação com a política institucional.

Ou seja, não é patrimônio político nem da “direita” nem da “esquerda”. O cangaceiro não tinha essa consciência.

Em linhas gerais, ele era um sertanejo comum que, por razões diversas, terminava por ingressar em algum bando motivado, geralmente, pela busca por justiça.

Ao tomar conhecimento da ação da família na Justiça, Pavinatto tentou, mais uma vez, criar polêmica (e lucrar com ela) afirmando que a família de Lampião queria “censurar” o livro, o que foi veementemente negado.

Segundo os advogados, a ação não busca impedir a circulação e comercialização do livro, mas sim “resguardar os fatos históricos e assegurar a devida retratação dos familiares de Lampião”.

SINOPSE – “Da Silva: a grande fake news da esquerda” apresenta Lampião como “terrorista mercenário que extorquia os ricos e destroçava a vida dos pobres com sadismo bestial”.

E mais: “a grande mentira do mito de Lampião foi engendrada pelo comunismo brasileiro em meados da década de 1920. Fake news perversa”.

E termina: “em última análise, um fenômeno produzido pela estupidez humana canalizada para o coletivo da esquerda brasileira”.

Puro delírio.