Da ISTOÉ

Milhões de filipinos comparecem às urnas nesta segunda-feira (9) para definir o novo presidente do país, com o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos como favorito para vencer a disputa, marcada por episódios de violência.

As urnas abriram às 6H00 locais (19H00 de Brasília, domingo) e a votação prossegue até as 19H00 locais (8H00 de Brasília).

Vários episódios de violência foram registrados, incluindo as mortes de três seguranças quando um homem abriu fogo contra um local de votação em uma área de conflito do sul do país.

O crime aconteceu pouco depois do início da votação no município de Buluan, na ilha de Mindanao, que tem forte presença de grupos armados, que vão de insurgentes comunistas até militantes islamitas.

No domingo à noite, cinco granadas explodiram diante de um centro de votação no município de Datu Unsay e nove pessoas ficaram feridas. Um ataque similar aconteceu no município vizinho de Shariff Aguak.

– Marcos favorito –

Quase 40 anos depois que seu pai foi deposto e enviado para o exílio, Ferdinand Marcos Jr. está prestes a restaurar o poder da família.

Dez candidatos disputam a sucessão do atual presidente Rodrigo Duterte, mas apenas Marcos e sua rival Leni Robredo, atual vice-presidente, parecem ter chance de vitória.

Eleitores de máscara formaram filas desde o amanhecer para depositar os votos ao longo do arquipélago.

As autoridades esperam um elevado índice de participação entre os mais de 65 milhões de filipinos registrados para votar.

Marcos Jr., 64 anos, votou com a irmã mais nova, Irene, na escola Mariano Marcos da cidade de Batac, norte do país e terra natal da família.

Robredo foi recebida por simpatizantes aos gritos de “Leni, Leni” quando votou em uma escola do município de Magrao, no centro do país.

Após uma campanha acirrada, as pesquisas apontam uma vantagem de dois dígitos de Marcos sobre Robredo.

A lei eleitoral filipina determina a vitória do candidato com mais votos, sem a necessidade de um percentual mínimo de apoio.

A campanha de Marcos trabalhou para esconder o histórico brutal e corrupto do regime de seu pai e para aproveitar o desencanto dos eleitores com os últimos governos.

Depois de seis anos de governo autoritário de Duterte, defensores dos direitos humanos, a Igreja Católica e analistas políticos expressam o temor de que Marcos se sinta estimulado a governar de maneira ainda mais dura se vencer por ampla margem.

Robredo, uma advogada e economista de 57 anos, prometeu limpiar a política filipina, uma democracia com longa tradição de feudalismo e corrupção.

Marcos e sua candidata a vice-presidente, Sara Duterte, ambos filhos de líderes autoritários, insistiram que são os mais preparados para unificar o país.

O analista político Richard Heydarian adverte que uma vitória ampla de Marcos pode permitir a aprovação de mudanças constitucionais que reforçariam seu poder e enfraqueceriam a democracia.

“(Rodrigo) Duterte nunca teve a disciplina nem os meios para levar sua agenda autoritária a seu extremo”, disse Heydarian.

Entre os demais candidatos à presidência estão o ex-boxeador Manny Pacquiao e o ator Francisco Domagoso.