Da Folha de PE

Para quem é fã de filmes de terror, o ano de 2022 trouxe alguns bons motivos para ir ao cinema. O retorno das franquias “Pânico” e “Halloween Ends”, além de filmes originais, como “Não! Não Olhe!”, “X – A Marca da Morte” e “O Telefone Preto” representaram bem o gênero. Faltando poucos dias para o ano acabar, “Terrifier 2”, um dos mais comentados exemplares desta safra, chega nesta quinta-feira (29) aos cinemas brasileiros.

Dirigida por Damien Leone, a sequência do longa-metragem “Terrifier” (2016) teve uma trajetória surpreendente para uma produção de baixo orçamento. Lançado nos Estados Unidos em outubro, ele arrecadou cerca de US$ 11 milhões, mesmo tendo custado apenas US$ 250 mil. O sucesso de bilheteria garantiu que o filme fosse distribuído, ainda que tardiamente, em outros países.

Parte considerável do bom desempenho da produção com o público tem a ver com a sua repercussão na internet. Sua propaganda mais eficaz foi a concentração de relatos nas redes sociais de pessoas que teriam passado mal, vomitado ou até mesmo desmaiado durante as sessões do longa.

Embora essas histórias devam ser encaradas com certo ceticismo, tendo em vista o caráter histriônico das redes sociais, “Terrifier 2” é de fato um filme para quem tem estômago forte. Desde o seu prólogo até o pós-crédito, o longa é repleto de cenas perturbadoras, com cabeças sendo decepadas a torto e a direito, sangue jorrando para todos os lados e tripas à mostra.

O enredo da continuação se passa um ano após os acontecimentos do primeiro filme. Após comandar um massacre na noite de Halloween, o Palhaço Art (David Howard Thornton) ressuscita com a ajuda de uma entidade maligna em forma de menina (Amelie McLain). O assassino em série volta a aterrorizar o condado de Miles, de olho agora na jovem Sienna (Lauren LaVera) e em seu irmão mais novo, Jonathan (Elliott Fullam).

Clichês reciclados
“Terrifier 2” é um prato cheio para os admiradores do slasher, subgênero do terror representado por filmes como “O Massacre da Serra Elétrica” (1974) e “Brinquedo Assassino” (1988). Isso quer dizer que ele incorpora muitos dos clichês de uma produção do tipo: um maníaco fantasiado matando pessoas aleatoriamente, adolescentes como as principais vítimas e uma marcante final girl – personagem feminina que enfrenta o assassino no fim.

Apesar da pouca originalidade do roteiro, Damien Leone mostra eficiência em misturar tantos artifícios já testados, trazendo um resultado que não decepciona. O longa consegue divertir aqueles que escolhem embarcar na sua proposta mórbida. Seu objetivo é aterrorizar o espectador ao longo de quase todos os seus 138 minutos de duração, apostando todas as fichas na exploração do grotesco. O pouco uso de efeitos especiais dá um toque ainda mais bizarro e nostálgico às cenas. Juntando isso com a trilha sonora cheia de sintetizadores, a impressão é de estar diante de um “filme b” de terror dos anos 1980.

Atuações de destaque

O trabalho de David Howard Thornton é, sem dúvidas, um dos pontos altos do filme. Sempre com um sorriso macabro estampado no rosto, ele dá ao seu vilão um carisma aterrorizante comparável ao de outros personagens icônicos do cinema de horror. Lauren LaVera também convence com uma heroína que está entre a mocinha angelical e a justiceira.

Quem não conseguir digerir bem o terror extremamente gráfico que permeia o filme de Damien Leone é melhor passar longe do terceiro filme da franquia. Nesta semana, o diretor revelou em seu Twitter que pretende fazer uma nova sequência ainda mais assustadora. “Se tudo correr como planejado, a parte 3 será o ‘Terrifier’ mais aterrorizante até agora”, prometeu.