Fisiculturista é preso por fabricação irregular e comércio ilegal de anabolizantes

Anabolizantes foram apreendidos pela polícia em casa de suspeito, no Recife — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Por G1

 

Um homem e uma mulher foram presos no Recife por suspeita de fabricação irregular e comércio ilegal de anabolizantes. De acordo com a Polícia Civil, o rapaz, que é fisiculturista, também é investigado por praticar furtos em academias.

Segundo a polícia, os dois mantinham em casa um laboratório para a produção dos esteroides, onde foram apreendidos 84 frascos do produto. Alguns deles supostamente continham substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O crime teria sido descoberto depois que um dos suspeitos, o fisiculturista Luan Pereira Mariz, começou a ser investigado por envolvimento nos furtos praticados em duas unidades de uma rede de academias na Zona Norte da cidade.

De acordo com o delegado Carlos Couto, titular da Delegacia de Casa Amarela, a investigação começou na quarta-feira (15), quando a empresa procurou a polícia para denunciar que uma cliente tinha tido a bolsa roubada na unidade que frequenta, no bairro do Parnamirim.

“Ela tinha deixado a bolsa numa ‘colmeia’ e, quando terminou de treinar, notou que o pertence não estava mais lá. De início, a vítima pensou que alguém havia levado por engano. Mas, nesse meio-tempo, a gerência da academia se comunicou com outras unidades da rede e descobriu que esse mesmo tipo de ocorrência já tinha acontecido na unidade das Graças no domingo passado”, conta.

No caso anterior, uma outra aluna contou que, ao sair de um treino, percebeu a falta de objetos que estavam dentro do carro dela, estacionado em frente à academia. A suspeita é que, para cometer o crime, a pessoa tinha levado a chave e recolocado no lugar onde estava guardada depois de praticar o roubo.

A partir da denúncia e de relatos de testemunhas, foi descoberto, segundo o delegado, que Luan esteve nos dois locais, usando um casaco, nos horários em que os furtos foram praticados. Além disso, ele teria sido visto perto do carro da primeira vítima.

“Enquanto isso, a vítima ligou para o banco para bloquear o cartão de crédito, mas a instituição financeira disse que ele já tinha sido bloqueado automaticamente, porque foram detectadas cinco compras com aproximação”, continua o delegado.

Com o cartão, foram registradas duas compras numa loja de acessórios de celular, outra num mercado de frutas e verduras e mais uma em um mercadinho próximo à casa do suspeito, no bairro de Sítio dos Pintos, também na Zona Norte.

 

Laboratório de anabolizantes

Ainda de acordo com o delegado Carlos Couto, os policiais foram à casa de Luan, onde encontraram o celular da segunda vítima. “Ele acabou revelando que tinha jogado a bolsa fora e, fazendo as buscas na residência, a gente identificou um pequeno laboratório de fabricação de anabolizantes”, afirma.

No local, foram apreendidos 84 frascos com esteroides, além de uma máquina recravadora, usada para colocar o lacre em embalagens de medicamentos injetáveis.

“Alguns recipientes estavam com rótulo, outros sem. Centenas estavam vazios. E há um indicativo de que ele comercializava, também, porque ele tem uma loja de suplementos esportivos”, diz Couto.

Entre as substâncias que estariam sendo usadas, segundo os rótulos de frascos apreendidos, estavam acetato de trembolona e boldenona, que são proibidos pela Anvisa.

“O material foi encaminhado para a perícia para a gente saber se são mesmo essas substâncias ou se foram usados outros produtos para simular, o que também seria grave, já que os clientes podem estar sendo enganados”, argumenta o delegado.

Além de Luan, foi detida a companheira dele, Francielly de Assis Cabral, suspeita de ajudar o fisiculturista na fabricação caseira e na venda dos anabolizantes.

Após a prisão, os dois foram encaminhados para audiência de custódia. Luan continua preso, sendo autuado pelos furtos e por crime contra a saúde pública. Já Francielly foi liberada e vai responder pelo segundo delito em liberdade.

 

O que diz a defesa

Procurada pelo g1, a advogada do casal, Dryelle Monteiro, disse que, como atleta, Luan precisa usar anabolizantes para participar de competições. Ela também negou que o cliente fabricasse os esteroides para fins comerciais. “Ele já foi campeão várias vezes e é muito dedicado ao esporte. Então, ele guarda os anabolizantes para uso próprio. Todos os fisiculturistas fazem isso”, afirmou.

Monteiro contou ainda que Luan disse ter conseguido os produtos com um conhecido, que não quis identificar. “Ele não revelou o nome porque não quer envolver terceiros. Mas ele não armazenava para vender, até porque os policiais não encontraram nenhuma matéria-prima para fabricação. E a gente nem sabe se esses anabolizantes estavam na validade”, comentou.

Com relação aos furtos nas academias, a advogada disse que ainda vai conversar com o suspeito sobre isso. “Ele nem assume nem nega. Estou aguardando o momento oportuno para que ele se abra”, contou.