Do Diario de Pernambuco 

A crise no setor energético está afetando todas as nações européias, assim como diversos países da Ásia. No início desta semana, o preço do gás na Europa bateu um novo recorde, ultrapassando US$ 1.900 (cerca de R$ 10.473) por mil metros cúbicos. No final, acabou por recuperar, mas, ainda assim, permaneceu com um valor elevado, caindo para cerca de US$ 1.200 (aproximadamente R$ 6.614).

No entanto, o Reino Unido vem sendo a nação da Europa mais atingida. Segundo a Associação Comercial Oil and Gas UK, os preços no setor cresceram 70% em agosto deste ano, tendo subido 250% desde o início de 2021. Além disso, o aumento geral dos preços refletiu em outras indústrias britânicas do país. Já as empresas do Reino Unido apelam que o governo de Boris Johnson adote medidas para reduzir os preços da energia e exige ações de apoio aos industriais, porque existe o risco do fechamento de várias fábricas. Gareth Stace, diretor da UK Steel, associação de fabricantes da indústria siderúrgica, declarou que o governo precisa tomar medidas agora, pois “os preços da energia são tão altos que algumas empresas foram forçadas a suspender a produção, mesmo em um momento em que o mercado do aço é incrivelmente saudável. Não podemos esperar até o Natal ou depois, ou mesmo algumas semanas. Precisamos agir agora, tem que ser uma ação rápida e decisiva”. O diretor-geral da Confederação das Indústrias de Papel, Andrew Large, também afirmou que há sérios riscos de paralisações de fábricas em resultado dos custos do gás ser demasiado alto de suportar.
De acordo ainda com publicação do jornal The Independent, Kwasi Kwarteng, secretário de Estado para as Empresas, Energia e Estratégia Industrial, teria dito que o governo estava “interessado em ajudar nossa base industrial”, no entanto fontes relacionadas com a indústria informaram que Kwarteng não chegou a anunciar nenhuma ação, ou pelo menos não tinha dado garantias. O pedido para uma ação rápida contou com o apoio de muitos deputados da ala conservadora, que instaram os ministros a tomarem medidas contra o aumento dos preços.
A grave crise energética no Reino Unido foi acentuada pela carência de motoristas de veículos pesados (HGV, na sigla em inglês) no país, o que trouxe a problemas com o fornecimento de combustível e a interrupção das entregas de bens alimentares às redes de supermercados. Já o Partido Trabalhista, na oposição, culpou o governo de Boris Johnson pela atual crise.
Para o presidente da Sérvia, Aleksandr Vucic, a Europa enfrentará pelo menos mais seis meses de escassez de gás. “Esta crise não terminará sozinha nos próximos seis meses, e possivelmente por mais tempo. Pode levar dois anos para ser resolvida”, comentou Vucic em coletiva de imprensa. O líder sérvio alegou que a escassez de gás se deve à dependência excessiva da Europa de fontes de energia renováveis, junto com sua relutância politicamente motivada em chegar a acordos de fornecimento de longo prazo com a Rússia.