O próprio Zafor Alam publicou a foto, segundo ele, com o intuito de fazer com que o mundo perceba o drama vivido por seu povo. Em entrevista à CNN, o pai falou sobre o drama vivido na aldeia.
“Quando vejo essa foto, sinto vontade de morrer. Não tem mais nenhum motivo para eu viver neste mundo. Fugimos
após helicópteros dispararem contra nós e soldados de Myanmar dispararem contra nós. Não podíamos ficar na nossa casa. Precisamos fugir e nos esconder na floresta. Meu avô e minha avó foram queimados vivos. A nossa vila foi incendiada por militares. Não sobrou nada. Nós caminhamos por seis dias. […] Precisávamos mudar de local porque os soldados estão procurando pelos rohingya”, relatou.
O povo rohingya é perseguido em diversos países e é considerado pelas Nações Unidas uma das minorias mais perseguidas do mundo. Zafor atravessou o rio nadando e encontrou pescadores bengaleses que o ajudaram. De lá, pediu que fosse resgatar sua família. Nesse tempo, no entanto, soldados começaram a disparar contra eles – e outros membros da etnia que estavam tentando a travessia. Quando entraram no barco apressadamente, houve excesso de pessoas e a embarcação naufragou.
A fotografia traz à memória a imagem de Aylan Kurdi, o menino sírio que, em setembro de 2015, se tornava o símbolo da luta dos refugiados, escancarando a face mais cruel da guerra na Síria. Aos 3 anos, a criança foi encontrada morta em uma praia turca após o barco que os levaria até a ilha grega de Kos naufragar. Além de Aylan, sua mãe, Rehan, 35, e seu irmão Galip, de cinco anos, também morreram na travessia.