Da Folha de PE

Estudando em tempo integral e sem tempo para cozinhar, Hemanuelly Albuquerque dos Anjos, 22 anos, encontrou na internet uma fornecedora de marmitas. O que parecia ser uma solução acabou se tornando uma dor de cabeça sem fim. Após fazer o pagamento via depósito de R$ 330, para receber 30 almoços durante um mês, começaram os transtornos. A cada dia ela ouvia uma justificativa diferente pelo descumprimento da entrega. Cansada da situação e já desconfiada de um possível golpe, a jovem pediu o dinheiro de volta. Sem sucesso.

Hemanuelly conta que ao pesquisar o nome da fornecedora na internet encontrou vários casos semelhantes ao dela. “Gente que foi vítima do mesmo golpe há cerca de dois anos e até hoje nunca viram a cor da comida, nem tiveram o dinheiro de volta. Tem vários BOs (Boletim de Ocorrência) na Delegacia de Santo Amaro contra ela, que espera a pessoa desistir, mas eu não vou abrir mão porque preciso do dinheiro. Também coloquei ela nas pequenas causas, mas ela continua fazendo isso com muita gente. Todo dia aparece uma nova vitima.”, disse.

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No Instagram foi criado o perfil @golpe.marmitasrecife, que já reúne mais de 350 seguidores e mais de dez publicações denunciando os golpes. “Tão famosa assim? Pensei que só fosse eu a trouxa”, disse uma internauta identificada como Claudia. “Infelizmente fui vítima”, fala outra suposta vítima com o nome de Inayara. “Gente, precisamos tomar uma atitude para que essa golpista seja presa e deixe de enganar as pessoas”, diz outro usuário da rede social.

A estudante de educação física Maria Augusta Casanova, 28 anos, também caiu no golpe. Ela conta que no começo de abril achou o perfil Bodyfood PE na internet e entrou em contato com a administradora da página. A jovem pagou R$ 280 pelas refeições. “Ela me ofereceu algumas opções de cardápio, eu escolhi e fiz o pagamento. Todos os dias ela dava uma desculpa diferente para não fazer a entrega. Chegou a dizer que o motoqueiro sofreu um acidente. Três dias seguidos depois comecei a ficar desconfiada”, fala.

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Maria Augusta em seguida encontrou na internet outras vítimas. “Fizemos um grupo no WhatsApp e nos juntamos para fazer BO. Acabamos conhecendo pessoas enganadas desde 2016, em Recife e até em João Pessoa (PB), mas sempre que ela é descoberta cria um perfil novo nas redes sociais”, disse. A última vez que a estudante falou com a suspeita de aplicar o golpe foi em 29 de julho para pedir o ressarcimento do dinheiro pago. “Ela faz um depósito no caixa eletrônico com o envelope sem dinheiro nenhum e apresenta comprovante, mas a quantia nunca entra em nossas contas”, falou Maria Augusta.

Segundo a delegada da Boa Vista, Alcilene Marques, existe um número razoável de denúncias, mas ela não soube precisar quantos. Ela informou que o inquérito está avançado e irá dar detalhes ao final do procedimento, mas não há prazo para conclusão. A delegada aproveitou para dar dicas de como evitar cair em golpes de estelionatários. “Nunca ceda documentos e não se permita ser atraído por facilidades ofertadas por estranhos. O estelionatário vai usar sempre as palavras certas, no momento certo, pois ele tem a habilidade de identificar as necessidades do alvo dele”, disse.

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A delegada explica que é preciso saber a procedência do que está sendo ofertando. “Procurar se outras pessoas já usaram o serviço. Jamais se comprometer com qualquer proposta que possa vir de um desconhecido. A internet é algo que traz a facilidade, mas ao mesmo tempo leva o indivíduo a não exercer a cautela necessária”, acrescenta a delegada. A Folha entrou em contato com a mulher suspeita de aplicar os golpes, mas ela não atendeu as ligações.