Publicado às 06h13 deste sábado (14)

Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol

A eleição de 2024 será decidida pelo povo, aparentemente essa afirmação nada mais é que uma redundância, já que quem elege prefeitos e vereadores é o povo. No entanto, essa é uma eleição histórica onde poderemos ter mais de duas candidaturas, e com sinais claros de um embate bastante acalorado. Nos últimos 30 anos, os pleitos mais acalorados refletiram em mudanças, fruto do saturamento de modelos e gestões e de grupos que se desgastaram com a população.

Ainda não é possível dizer que a prefeita de Serra Talhada (a dama de ferro) tenha chegado a um nível de desgaste tão grande que a impeça de ser reeleita. Isso também pode estar refletindo nos discursos de Luciano Duque e Sebastião Oliveira, que deram entrevistas usando termos quase que no mesmo tom, o que revela que a prefeita Márcia Conrado poderá ter que enfrentar uma dura batalha para se manter no poder.

Grande parte da população discorda da forma midiática que a prefeita interage com a sociedade. Isso porque as reivindicações apresentadas pela população são simplesmente ignoradas pela gestão. Ainda mais quando se tenta emplacar o discurso da “prefeita destravadora de obras”, um slogan bom, mas ainda existem muitos gargalos na gestão e que precisam serem destravados com urgência.

E esse debate está nas ruas, esquinas, bares e até nas lojas da cidade. Nesta semana fui abordado por dois empresários bem sucedidos na região, e é claro que a política foi o tema central. Entre uma fala e outra, duas acabaram me chamando atenção: a primeira foi sobre a simpatia que boa parte dos empresários têm pelo nome de Luciano Duque, e a segunda, foi afirmação de um dos presentes de quê: “se a prefeita mantiver Fabinho e Lisbeth (nos seus cargos) ela perde!”.

E A POPULAÇÃO?

Se formos olhar quais são as maiores reclamações da população de Serra Talhada certamente o atendimento à saúde e a manutenção das estradas da zona rural estão na linha de frente, o que faz com a fala do empresário que por sinal é mais ligado a Márcia, faça sentido.

Vale ressaltar que as reclamações sobre as secretaria de Educação, Obras e Serviços Urbanos (com ruas esburacadas, ruas sem calçamento e lixões em alguns pontos da cidade). Outras reclamações também também poderiam serem citadas. No entanto, os nomes citados pelo empresário referem-se as pastas que atendem a praticamente todo o  município, sendo assim,  estão se tornando setores”sensíveis e problemÁticos”, contradizendo o slogan “prefeita desbravadora de obras”. Um exemplo que merece referência, é o serviço de terraplanagem que está sendo feito em Água Branca com o DNA Sebastião Oliveira. Uma obra que não está sendo tocado pela secretaria de agricultura do município.

Nesse contexto, onde até o nome do primeiro-cavalheiro, Dr. Breno Araújo, já é especulado por vereadores da base governista como um possível nome para ser candidato a deputado estadual com o apoio de Márcia em 2026. Ou seja, o discurso da vitória já está pronto na boca de muitos governistas, mas antes é preciso combinar com o povo. Sem o apoio popular é difícil ganhar uma eleição com elementos atípicos como promete ser a 2024. Máquina e grupo são importantes, mas podem não ser tudo na reta final

O pleito do próximo ano tem elementos que lembram as eleições 1992, 1996, 2000 e 2004, onde mesmo com a máquina nas mão os prefeitos não fizeram seus sucessores ou não se reelegeram. A bandeira branca hasteada por Luciano Duque e Sebastião Oliveira mostra que Márcia vai ter que mudar muita coisa se quiser ser reeleita, a começar pelas pessoas que enchem seus ouvidos de informações, muitas delas equivocadas ou fora da realidade.

Essa turma parece que enxerga Serra Talhada como se estivessem sentados na poltrona de um cinema, assistindo um filme em 3D, quando na verdade a realidade é bem diferente!