Por Carta Capital

 

O governo Bolsonaro ignorou ao menos 21 pedidos formais de ajuda aos Yanomami. O levantamento é de uma reportagem do The Intercept Brasil, de agosto do ano passadoque tomou como base ofícios encaminhados por uma associação indígena a diversos órgãos, denunciando invasões de garimpeiros ao território indígena.

Nas peças encaminhadas à Funai, Ministério Público e Exército, a Hutukara Associação Yanomami já alertava que os conflitos poderiam “atingir a proporção de genocídio”.

Segundo a reportagem, em 12 de maio de 2021, os indígenas enviaram um ofício urgente para a Primeira Brigada de Infantaria da Selva do Exército, solicitando “apoio logístico e instalação de posto emergencial na comunidade de Palimiu para manutenção da segurança na região”. No mês seguinte, outro ofício de urgência, dessa vez direcionado à Funai, ao Exército e à Polícia Federal, com relatos de um ataque armado. O Ministério da Justiça chegou a autorizar o uso da Força Nacional na época, mas os ataques não cessaram.

A desconsideração dos ofícios da Hutukara é uma amostra da postura de Jair Bolsonaro (PL) sobre a questão indígena. Sob o seu governo, as terras terras indígenas viraram alvo de atividades ilegais, como garimpo e grilagem.

Dados do Mapbiomas revelam que o garimpo ilegal foi responsável pela destruição de 15 mil hectares das terras indígenas em geral, só em 2021. Àquela altura, o número já representava a maior expansão em 36 anos. Dados da Hutukara mostram que, também em 2021, o garimpo na TI Yanomami cresceu 46% em comparação a 2020.

Em novo estudo divulgado em abril de 2022, a Hutukara, em parceria com a Associação Wanasseduume Ye’kwana, apontou que o garimpo ilegal na TI Yanomami afetava diretamente 56% da população indígena.

Na última sexta-feira 20, o Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública em decorrência da desassistência ao povo Yanomami. De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao menos 570 crianças Yanomamis morreram de fome por contaminação por mercúrio, nos últimos quatro anos, em decorrência direta da atuação de garimpeiros ilegais.