Do Congresso em Foco

 

O governo do Chile publicou nesta segunda-feira (29) um comunicado por meio de seu Ministério de Relações Exteriores, onde manifesta repúdio à fala do presidente Jair Bolsonaro, que acusou o presidente chileno Gabriel Boric de vandalismo durante sua fala no debate presidencial exibido no último domingo, na Band. Além de expressar repúdio, o ministério ainda solicitou uma explicação por parte da embaixada brasileira em Santiago.

Desde o final de 2019, Bolsonaro vem sofrendo duras derrotas em seu círculo de alianças entre as lideranças na América Latina: na Argentina, o ex-presidente Mauricio Macri, de orientação de centro-direita, foi derrotado nas eleições para Alberto Fernandez, de esquerda. Na Colômbia, o candidato progressista Gustavo Petro derrotou Iván Duque Márquez, de extrema-direita. No Chile, Sebastián Piñera, aliado de Bolsonaro, foi derrotado em 2021 por Gabriel Boric.

Em sua fala de encerramento no debate da Band, Bolsonaro se apresentou como uma alternativa à tendência dos países vizinhos, associando aos novos presidentes os problemas internos de cada país. “Olha para onde está indo a economia da nossa Argentina. O presidente da Argentina, antes de ser presidente, visitou o Lula na cadeia. (…) Hoje, 40% da população argentina está na linha da miséria. Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs. Para onde está indo o nosso Chile?”, narrou.

A declaração incomodou o governo chileno, que avaliou o ataque a Boric como “inaceitável e não condizente com o trato respeitoso a que se devem os chefes de Estado e nem com as relações fraternas entre países latinoamericanos”. O comunicado ainda ressalta que, apesar de Boric já ter apontado suas diferenças com relação a Bolsonaro, o chileno sempre ressaltou a importância de manter boas relações com o Brasil.

O governo chileno considera que Bolsonaro utiliza declarações baseadas em “mentiras, desinformação e deturpação” com fins eleitorais para se referir aos relacionamentos bilaterais, e que essa postura “corrói não apenas o vínculo entre nossos países, mas também a democracia, abalando as confianças e afetando a irmandade entre os povos”. Apesar disso, manifestam convicção de que o Brasil e o Chile possuem uma história e interesses comuns, “razão pela qual espera continuar fortalecendo os permanentes laços de amizade e cooperação entre nossos países”.