Na tentativa de aliviar o Orçamento, o governo pretende acabar com o adicional de 10% da multa rescisória sobre o FGTS pago pelas empresas. Atualmente, as empresas são responsáveis por pagar 50% de multa nas demissões, 40% do valor fica com o trabalhador e os outros 10% são destinados aos cofres da União.
O valor recebido pelo governo entra no Orçamento como receita e depois é transformado em gastos obrigatórios, já que a União tem obrigação de pagar o FGTS. Anualmente, o valor recebido chega a R$ 5,4 bilhões.
Para acabar com a multa extra, o governo precisaria do aval do Congresso. A medida abriria espaço para aumentar as despesas e cumprir o teto de gastos. A equipe econômica vem procurando maneiras de reduzir as despesas obrigatórias já previstas.
Nesta semana a proposta do Orçamento será enviada para o Congresso com apenas R$ 85 bilhões previstos para gastos de custeio e investimento, valor considerado muito baixo para manter os programas e serviços oferecidos por alguns ministérios.
O contigenciamento de R$ 34 bilhões gerou tensão em órgãos e ministérios já que alguns serviços correm o risco de serem desligados, inclusive os que envolvem agências reguladoras e até mesmo a Receita Federal.
O adicional de 10% foi criado durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) com o objetivo de bancar o rombo deixado pelos planos econômicos Verão (1989) e Collor I (1990). O dinheiro é utilizado para compensar o FGTS por perdas judiciais, mas, no entendimento da área econômica, a cobrança já perdeu o objetivo.
Quando foi instituída, a despesa com o repasse da multa adicional estava nas contas e acabou entrando no teto. Eliminado o adicional, o Orçamento perderia a receita e a obrigação de repassar os recursos ao FGTS.
A possibilidade de um corte maior de gastos na proposta em relação à lei orçamentária deste ano vem gerando tensão na Esplanada. A maior trava está no teto de gasto que deverá crescer apenas 3,37% em 2020, aumento que não acompanha as despesas obrigatórias.