Por Joaquim Pereira da Silva, com contribuições de Igor Cardoso e Antônio Granja, todos, sócios do Centro de Estudo de História Municipal CEHM/FIDEN

Em nome da modernidade, quem deveria fiscalizar e preservar o patrimônio histórico municipal, está destruindo a história de Serra Talhada. É lamentável saber que o coreto da Praça Sérgio Magalhães foi reduzido a pó. Não é de agora, que os governantes agem com descaso.

O crime maior foi a destruição do antigo cemitério, com o argumento de ocupar o terreno. Serra Talhada não é São Paulo e nem tão pouco Recife que não possuem espaços e são obrigadas a crescer para cima.

Demolir o coreto é apagar parte da história; é no mínimo, desconhecer que nos momentos importantes da cidade, a população ali se reunia; é apagar a memória de várias gerações que ali assistia as apresentações da Filarmônica Vilabelense após a novena de Nossa Senhora da Penha. Pergunto-me: como estão os Srs. Nogueira, Luís Fogos, João de Chica (Timóteo) e tantos outros em seus túmulos? Tristes, claro.

Com o valor utilizado para destruir o coreto, deveriam ter comprado telhas e preservado outro patrimônio público, por exemplo, o Clube Intermunicipal de Serra Talhada, que guarda bons momentos na memória de inúmeros filhos da terra, entre eles, este que escreve estas linhas.

A realidade é que nenhum governante municipal se preocupou em preservar a nossa história. É inconcebível, um município tão importante, com passado, com história, não possuir uma lei de preservação do Patrimônio Histórico e Cultural Municipal. Até onde sei, existe um projeto pra ser apresentado ou talvez já tramitando na câmara.

Várias cidades ao nosso redor têm suas leis de preservação; Triunfo, Floresta, Belém do São Francisco. Belém possui uma lei moderníssima. No seu bojo consta a relação das residências e casas comerciais protegidas.

Sejamos rápidos em proteger nossa história. Lembro alguns imóveis de relevante interesse histórico e social: a residência de Cornélio (mantida originalmente pelos herdeiros); a casa Paroquial; a casa de Micena; a casa onde funciona o Sebrae; os colégios Industrial, Cônego Tôrres e Imaculada Conceição; o mercado público; o prédio da prefeitura, a estação ferroviária, os correios, entre outros.

A administração municipal esquece figuras ilustres do passado, como: Cornélio Soares, Argemiro Pereira, (sua residência em Recife, era uma sala de recuperação hospitalar dos vilabelenses), Arnoud Rodrigues, Luís Lorena, o Barão de Vila Bela (sua estátua foi retirada da praça que leva seu nome e no lugar colocaram uma do Padre Jesus.

A praça foi restaurada. Deviam restaurar também a estátua, e não removê-la, para um almoxarifado da prefeitura). O Barão e o Padre Jesus, onde estiverem continuam torcendo e rezando pelo engrandecimento do nosso torrão e poderiam estar um ao lado do outro na mesma praça.

No século XIX o sertão pernambucano participou da elite nobiliárquica com o Barão do Pajeú (Andrelino Pereira da Silva) e o Barão de Exu (Guálter Martiniano Alencar Araripe), este, foi deputado provincial e um de seus projetos que virou lei estadual, foi a instituição dos ferros marcadores, com a indicação do proprietário e ribeira, do rebanho bovino do sertão.

Se fui enfático, é o amor por minha terra. Com isso, não quero concordância geral, respeito o ponto de vista de todos, afinal disse o grande dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues, que toda unanimidade é burra.

Como disse Arnoud, que a nossa… ontem Vila, hoje Serra, continue bela.