Fotos: Farol de Notícias/Celso Garcia
Publicado às 21h30 desta quarta-feira (08)
No Mercado Público de Serra Talhada há mulheres que contam uma vida inteira de lutas e de desafios para conseguir o pão de cada dia, criar os filhos e sustentar a família. As cozinheiras se esforçam para fazer o melhor tempero, colocam amor, pois o prazer dessas guerreiras é a satisfação dos clientes pela comida e o retorno no dia seguinte.
Por outro lado, há uma exaustão, pois essas mulheres não tiram licença, nem férias, fora os problemas da falta de manutenção no Mercado. Nesta quarta-feira (08), o Farol de Notícias esteve no local, no galpão que abriga histórias de quem nunca para, nem mesmo quando estão doentes, em uma rotina que começa às 4h, quando acordam.
O Farol conversou com Selma de Sá Souza Silva, 47 anos, que não conteve as lágrimas ao relatar a rotina de trabalho do Mercado Público que dura 20 anos. Mãe de uma moça e de um rapaz, não poupou palavras para incentivar os filhos a uma vida melhor por meio dos estudos. A menina formou-se em Letras pela UFRPE/UAST e é professora.
O filho está cursando Química também na UFRPE/UAST. Durante a conversa com Selma, ela revelou que não iria falar dos problemas do Mercado, mas quando começou a contar sobre o trabalho, as lágrimas correram nos olhos e desabafou:
“Dá até vergonha, porque as coisas vão mudando, a cidade está crescendo, vêm outras pessoas e a gente precisa de uma melhoria. Essa parte é o que me deixa mais triste, porque a gente precisa de melhorias para oferecer um trabalho melhor. A gente se esforça, a comida é gostosa, mas o ambiente não está atendendo às nossas necessidades. Desde quando a prefeita entrou que estamos aguardando esta reforma; mas é o que nós temos! Não sei mais fazer outra coisa, aprendi a negociar, a vender comida, as minhas refeições, criei meus filhos daqui e não pretendo mais parar, mas queria melhoras”.
O Farol ouviu também Maria do Socorro dos Santos, de 53 anos, mãe e avó. Natural de Flores, há 30 anos trabalha no Mercado como cozinheira, herdou o ofício da mãe já falecida. Das refeições que prepara, tirou o sustento dos filhos.
“Já tive dias de levantar cedinho, com muita dor nas pernas, porque eu sinto muita dor nas pernas, mas acho que é Deus que vive me seguindo, porque eu não tenho outro meio, tenho que viver daqui mesmo. Meu marido é pedreiro e há dias que há serviços, há dias que não, e eu banco a casa. Quando chego em casa ainda vou fazer tudo, lavar roupa. A vida da mulher é sofredora! A mulher sofre muito! Sobre demais, só sabe eu Deus o que já sofri! Comecei a trabalhar aos 12 anos no arado, e quando vim para aqui, comecei nesta rotina. Já me acostumei aqui, só peço a Deus saúde para continuar trabalhando. Quando começa a chover, eu sinto vontade de voltar para a roça”.
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